O relatório da AIEA, assinado pelo egípcio ElBaradei, não deixa margem para muitas dúvidas: o Irão está em plena actividade para enriquecer urânio e, pior, já terá tido acesso a plutónio, de fontes externas, o que em termos simples significa que estão reunidos os elementos para contruir armas nucleares..A construção é tão simples como isto: uma pequena "bola" ou "placa" de plutónio é o "gatilho" de uma arma nuclear tradicional - é o elemento atómico mais difícil de conseguir, na pureza necessária - que uma vez em contacto com uma determinada massa crítica de urânio 235, numa quantidade bastante superior, desencadeia uma explosão em cadeia, sucessiva, que só termina quando os elementos se esgotarem. O que falta são pequenos elementos, fáceis de construir ou adquirir, como o "separador", de vidro ou outro material, que impede a junção dos dois elementos, até que uma explosão convencional o faça, "atirando" com uma determinada força o plutónio contra o urânio, e a partir daí desencadeando a explosão nuclear..Assim sendo, o Irão terá tudo nas suas mãos para começar a construir as ogivas que carregarão os seus mísseis, e o que está em causa, apenas, e neste momento, pelo que se percebe, do relatório da AIEA, é enriquecer suficiente urânio até determinada massa crítica..É, pois, uma questão de tempo, e muito pouco....O que a AIEA nos revelou, acima de tudo o resto, é que a existência de plutónio nas mãos dos iranianos é a mesma coisa que dizer que eles estão na iminência - se é que já não o fizeram...- de construir a sua primeira arma nuclear..A partir daí, haja o que houver, ninguém se atreverá a atacar o Irão, ou a destruir as suas centrais nucleares, pelo risco que isso implica, de uma cidade europeia, ou Israel, ser destruída por um míssil nuclear. É a dissuasão e o medo que ela inspira em qualquer governo ou país. Ninguém, com bom senso, arriscaria, já nessa fase, um ataque contra o Irão, que teria como consequência a retaliação e a morte de milhões de pessoas..Por isso há uma grande urgência em tentar travar essa fase final, antes que seja tarde..E o regime iraniano, na sua génese apocalíptica e extremista, não terá a menor dúvida em usar o que tem para castigar o Ocidente infiel com o "fogo nuclear"..Agora, uma de três: ou o Conselho de Segurança se entende rapidamente sobre as medidas as tomar - e sanções não resolvem o problema, porque eles só precisam de algum, pouco, tempo -, ou o Irão faz um gesto de boa vontade e termina com o enriquecimento do urânio - o que não é credível, uma vez que a sua última proposta é aceitar os inspectores, numa clara manobra para ganhar tempo -, ou Israel toma para si a resolução do problema, e aí ninguém terá capacidade de controlar a situação..Uma coisa é certa: esta é a pior e a mais difícil crise que o mundo vai enfrentar, seja de que forma for, e não existe termo de comparação ou precedente que ajude..E tão complicada e grave é a situação que deixar passar o tempo em conversas sem sentido só dará a Teerão o que precisa..Todos sabem o que está em causa, e é a primeira vez, desde a segunda Guerra do Golfo, que a Europa continental está verdadeiramente preocupada e alinhada com os EUA. Por uma razão simples, mas determinante: é que todos, ou quase, estão ao alcance dos mísseis iranianos, e isso faz toda a diferença..Pelo sim, pelo não, convém estar preparado para o pior, nos próximos tempos..Custe o que custar, é necessário acabar com a "loucura" iraniana, de uma vez, e antes que eles nos surpreendam com um facto consumado.