A australiana Turia Pitt, 29 anos, completou há poucos dias uma das Ironman mais duras do Mundo no Havai - prova de triatlo em que os participantes têm de correr 42 km, nadar 3,8 km e percorrer 180 km de bicicleta. Não venceu nem fez um tempo entre os melhores, mas foi a maior vitória da sua vida, já que os médicos a tinham informado que nunca mais poderia correr na vida..Em 2011, Turia foi apanhada no meio de um incêndio florestal quando disputava uma ultramaratona de cem quilómetros na Austrália. Esteve entre a vida e a morte e ficou com queimaduras graves em 65% do corpo. Passou dois anos e meio internada num hospital, amputaram-lhe cinco dedos das mãos e foi sujeita a cerca de 200 operações, a maioria cirurgias plásticas. Na altura o veredicto dos médicos foi perentório: nunca mais poderia correr..As marcas ficaram para toda a vida, mas Turia Pitt não desistiu. Em maio participou numa prova na Austrália e no último fim de semana aventurou-se numa Ironman só ao alcance dos mais resistentes. O sorriso na altura em que cortou a meta dizia tudo - o esforço feito nos últimos anos para contrariar o veredicto dos médicos tinha dado resultados. "A sentir-me realmente orgulhosa. Não foi uma corrida perfeita e nem tudo correu como planeado. Mas empenhei-me a fundo e dei tudo o que tinha. Não me podem exigir mais do que isto", desabafou no Twitter, depois de terminar a dura prova em 14.37,30 horas..[twitter:785055664401809408].A participação na Ironman do Havai foi estudada ao pormenor, até porque as queimaduras que sofreu não lhe permitem estar exposta a temperaturas altas. Por isso, foi obrigada a usar um equipamento especial para hidratar a pele em vez de repelir o suor, de cor branca e com mangas de arrefecimento. "Uma das consequências das queimaduras que tenho é que o meu corpo não consegue regular bem as temperaturas. Quando aquece fica realmente muito quente", contou a atleta..[youtube:kZLW47FtRt0].Durante os dois primeiros anos de recuperação, Turia usou uma máscara. Mas aceitou tirá-la numa entrevista ao programa 60 Minutes, da televisão australiana, em 2013. "Quando olho para as minhas fotografias antes do acidente penso: "Que raio, eu era uma rapariga bem-parecida." Resta-me continuar a ser a pessoa determinada que sempre fui. O fogo pode ter-me tirado o corpo, mas continuo a manter a minha postura independente", disse na altura, relatando também o dia do acidente: "Comecei a chorar. Depois cobri a cabeça com o casaco, não tinha sítio para onde fugir. Ficava cada vez mais quente, eu não suportava o calor e então levantei-me e tentei correr para sair dali. Foi aí que fiquei queimada. Quando o fogo passou, tudo era apenas negro e quente."