A Madeira e a gerin...quê?
Uma "gerinponcha" animou o panorama político na Madeira, nas últimas 48 horas. Com sabor a laranja e um toque de terra, uma coligação do PSD-CDS com o PAN agitou a Oposição e os agricultores por causa de um eventual lugar no Parlamento Regional a entregar ao partido das Pessoas, Animais e Natureza. Mas, afinal, tudo não passou de um acordo sem direito a cadeira.
Miguel Albuquerque fala em solução e "plataforma de estabilidade". Após perder a maioria absoluta (por um deputado) teve de trocar a narrativa de "absoluta" para "maioria robusta", por isso precisa de aliados. O PAN já aceitou um entendimento e Albuquerque disse, ontem à tarde, continuar disponível para acordo com a Iniciativa Liberal. Contudo, os liberais fazem-se mais difíceis do que o PAN e temem um abraço de urso.
Apoios à agricultura biológica e vacinação de animais domésticos, entre outras medidas, contribuíram para o aperto de mãos com o partido liderado por Inês Sousa Real - que este verão calcorreou incansavelmente as ilhas da Madeira e do Porto Santo. As duas partes prometem "diálogo permanente", apesar de o PAN não integrar o Executivo Regional.
A receita da "gerinponcha" ficou assim incompleta e dentro do PSD há quem tema a fragilidade do acordo que, se for rasgado pelo PAN, deixará Albuquerque no limbo. Já o CDS, que se posicionou anti-PAN, terá de digerir esta aliança de interesses. E o Chega lida ainda hoje com uma indigestão ao ser preterido pelo PAN. No final das contas, Albuquerque deu o dito por não dito (de que se demitiria se não tivesse maioria absoluta), mas foi um político pragmático que trocou a maioria absoluta pela maioria parlamentar, segurando o seu lugar.
Quem ficou sem recuo foi Luís Montenegro, líder do PSD. Finalmente, Montenegro descolou do Chega, mas, por outro lado, se um dia vier a precisar do partido de André Ventura vai cair em absoluto descrédito. Afinal, o que se passa na Madeira não fica na Madeira!
P.S. - Vale a pena ler ainda o artigo que traz à estampa os resultados de um Inquérito da Rede Europeia de Conselhos de Justiça e que revela que 40% dos juízes admite que a comunicação social influencia as decisões e que a distribuição dos processos levanta dúvidas a alguns dos magistrados inquiridos. Resultados preocupantes, a conferir:
Diretora do Diário de Notícias