A luta para defender a vida escondida no charco
São dois hectares, não mais. Nesta altura, o charco ainda tem água, e chega bem para que uma sinfonia de rãs ecoe no silêncio da manhã, mas lá para o fim de maio ele já estará seco. Por agora, a diversidade de vida que alberga ainda é visível - e audível. Lá está a vegetação característica, onde se escondem os pequenos mamíferos como o rato de Cabrera, o único roedor que só existe na Península Ibérica. Lá estão os vestígios de raposas e lebres, e as marcas de javalis que por ali passaram em busca de alimento e de água. No fundo, a poucas dezenas de centímetros, o lago também está cheio de pequenos seres: girinos de rã- verde, de tritões-marmorados ou de sapos-de-unha negra.
Percebe-se, olhando esta paisagem na região de Vila Nova de Milfontes, por que os charcos temporários mediterrânicos são considerados um habitat prioritário na União Europeia. As ameaças, no entanto, espreitam, como a destruição causada pelo uso errado dos solos na agricultura ou na construção, e a Liga para Proteção da Natureza (LPN) está apostada em contrariar essa tendência.