A luta continua

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A luta continua

Decididamente, o sistema defensivo do Sporting não é empolgante. Qual Polga! Qual Beto! Nem sequer com Enakarhire a equipa quer ir ao primeiro lugar! E isto é no centro da defesa. Porque, nos flancos, a coisa também não vai melhor ou com Rogério ou com Miguel Garcia, à direita; ou com Rui Jorge ou com Paíto, à esquerda. Claro que o problema não é só do quarteto defensivo. Porque aquela linha média tão abúlica, sem Custódio e sem imaginação, também ajuda muito a dar barraca. E o ataque ressente-se. Sem Douala e outros flanqueadores, passa o tempo a olhar para aquele "latifúndio" que o separa da linha defensiva: Rochemback é como se lá não estivesse, Hugo Viana refila muito com o árbitro, Carlos Martins não acerta um passe, nem um remate. Para cúmulo, Liedson está em "maré baixa", falha incrivelmente ou não lhe dão oportunidades.

O Sporting que foi goleado no Funchal pelo Marítimo (3-0) correspondeu a tudo o que dele disseram vários comentadores e adeptos. Foi uma equipa desconcertante e desequilibrada, lenta e apática, sem talento e sem energia, sem garra e sem ambição. Se a jogar bonito nem sempre ganha, a jogar feio ainda é pior. Contra o Vitória de Setúbal, em Alvalade, foi vítima do azar e da aselhice, por isso empatou, mas lutou até ao último segundo. Contra o Marítimo, no Estádio dos Barreiros, foi pouco combativa, passou o tempo a "pisar ovos", afunilou o jogo e deixou-se manietar por uma equipa bem melhor organizada, mais compacta e com excelente ligação entre defesa e ataque. O Marítimo soube explorar como quis as deficiências e vulnerabilidades defensivas do Sporting, que são óbvias nos cruzamentos, tanto para a grande área como para a pequena área.

Depois de ter derrotado o Benfica (2-1) em Alvalade, na 16.ª jornada, o Sporting conseguiu isolar-se no primeiro lugar da SuperLiga, com 31 pontos (a um ponto do FC Porto e do Boavista, a dois do Sporting de Braga e a três do Benfica). Quatro jornadas depois, está no quarto lugar, com 35 pontos (os mesmos que o Boavista, mas com menos um do que o Sporting de Braga e menos dois do que o Benfica e o FC Porto). Ou seja, só amealhou quatro pontos em 12 possíveis. Perdeu com o Nacional (2-3) na Madeira, foi ganhar ao Gil Vicente (3-0) em Barcelos, empatou com o Vitória de Setúbal (1-1) em Alvalade e agora perdeu com o Marítimo (0-3) na Madeira. Marcou seis golos e sofreu sete.

O Sporting é a equipa com mais golos marcados na SuperLiga (41), mas também é uma das equipas com mais golos sofridos (27). Tantos como o Belenenses (12.º lugar). De resto, só o Nacional (11.º lugar) e as cinco equipas bem no fundo da tabela (Penafiel, Estoril, Moreirense, Beira Mar e Académica) sofreram mais golos. É bem verdade que, como disse o famoso treinador de basquetebol norte- -americano Phil Jackson, "o ataque ganha jogos, mas é a defesa que ganha campeonatos". Acontece que o FC Porto e o Benfica também tropeçam que se fartam e já perderam 23 pontos em 20 jogos, contra os 25 que o Sporting já esbanjou. Nenhum dos três "grandes" tem feito por merecer o título.

Em abono da verdade se diga que o Braga só não continua na frente porque foi vencido pelo Guima-rães (0-1) graças a um "frango" e a uma péssima arbitragem, que lhe sonegou um penalty do tamanho da légua da Póvoa. Já o Boavista, é outra história. Trata-se de uma equipa que sabe tirar o máximo rendimento do pior jogo possível - o que sucede com muita frequência no futebol. Viu- -se no Estádio do Bonfim, onde abundaram as correrias, os choques, as sarrafadas, os pontapés para a frente e para o ar. Um futebol "de feras" ou "de vacas premiadas" - como diria Nelson Rodrigues. O Setúbal desperdiçou algumas oportunidades flagrantes e empatou (0-0). Foi o reverso do jogo com o Sporting, em Alvalade. O certo é que, por cá, no futebol como na política, o nível é baixo, mas a "energia" é alta. A sarrafada ferve e a luta continua!

Alfredo

barroso

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