A resposta não é fácil de fornecer, devido à multiplicidade de sugestões, análises, observações, insinuações. Mas um facto é inquestionável: o ex-chefe do governo helénico é herdeiro de uma das mais importantes linhagens políticas do país. George Andreas Papandreou (os setores críticos no país designam-no pelas iniciais GAP, que na versão inglesa possui interpretação pejorativa) nasceu em Saint Paul, capital do estado do Minnesota, norte dos Estados Unidos, no ano de 1952..A sua mãe, Margaret, cidadã norte-americana, tinha conhecido o seu pai, Andreas Papandreou, quatro anos antes na Universidade do Minnesota, onde o futuro fundador do Partido Socialista Pan-Helénico (PASOK) lecionava. George Andreas Papandreou pertence assim a uma das mais antigas e distintas "dinastias políticas" do país, uma tradição nestas regiões europeias dos Balcãs durante séculos submetidas ao domínio do império otomano. O seu avô, George Papandreou (1888-1968), foi o responsável pelo legado. Iniciou a carreira política em 1923 e prolongou-a por cinco décadas. Foi primeiro-ministro em 1944-45, em 1963 e em 1964-65, quando foi afastado no início de uma complexa crise política que justificaria o golpe militar e o início da "ditadura dos coronéis", em 1967. .Preso pelo regime militar, apesar de ser definido como um "centrista", acabou por permanecer em prisão domiciliária até à sua morte. O funeral juntou cerca de dois milhões de pessoas e constituiu uma enorme manifestação de repúdio à ditadura militar. O pai Andreas Papandreou (1919-1996), definido por alguns biógrafos como um sublime manipulador político e um genuíno populista de esquerda, fundador e primeiro líder do PASOK, também esteve exilado na Suécia durante a "ditadura dos coronéis", acompanhado pela família, incluindo o pequeno George. .Duas vezes primeiro-ministro (1981-1989 e 1993-1996), a subida ao poder de Andreas teve uma influência determinante na história política da Grécia, ao terminar com quase 50 anos de um sistema político dominado pelas forças conservadoras. O ex-chefe do Governo grego George Andreas Papandreou, como é tradição no país, herdou o nome do avô e do pai. E apesar de ser censurado por se exprimir melhor em inglês do que em grego, fez jus aos seus pergaminhos familiares. Foi ministro da Educação Nacional e dos Assuntos Religiosos entre 1988 e 1989 e entre 1994 e 1996. Depois, assumiu a chefia da diplomacia grega entre 1999 e 2004, assumiu a liderança do PASOK e foi por fim designado primeiro-ministro em outubro de 2009, após a vitória do seu partido nas legislativas antecipadas. .A "teia familiar" dos Papandreou é, porém, mais vasta. George A. Papandreou tem dois irmãos, Nikos e Andrikos, ambos nascidos em São Francisco em 1956 e 1960, e uma irmã, Sofia, que vive no Canadá desde o seu divórcio com o vice-ministro de seu pai na década de 1990. Sofia optou por não se envolver em política, ao contrário dos irmãos. Nikos Papandreou, economista, sociólogo e escritor, foi consultor de diversos ministérios durante os governos do PASOK (na Educação em 1987-1988, nos Negócios Estrangeiros entre 1999 e 2001, no ministério do Mar Egeu entre 2001 e 2004). Permaneceu, de forma não oficial, o "braço direito" e conselheiro pessoal do irmão George durante o seu percurso como primeiro-ministro (2009-2011). .Personagem polémica, Nikos foi acusado com frequência, incluindo por dirigentes políticos do PASOK, de "envolvimento" nos assuntos governamentais: designação de ministros, participação em viagens ao estrangeiro (sobretudo à Península Arábica), com o objetivo de garantir investimentos estrangeiros ou negociar a privatização de empresas estatais gregas, apesar de não possuir qualquer cargo oficial. Já o seu irmão Andrikos, com formação económica, mantém a carreira de professor na faculdade de Economia da Universidade de Atenas e especializou-se em Economia Ambiental. Não escapou a suspeitas de envolvimento em negócios pouco claros, na qualidade de fundador de um instituto de energia ("i4cense"), para além de benefícios em diversos contratos governamentais. .O primeiro-ministro grego George Papandreou anunciou hoje oficialmente a demissão, num discurso onde garantiu que as principais forças políticas do país já chegaram a acordo para a formação de um governo interino, mas não disse quem o vai liderar. "Quero desejar todo o sucesso ao novo primeiro-ministro do novo governo. Vou apoiar este esforço com todas as minhas forças", disse Papandreou, numa declaração solene na televisão grega, mas onde não anunciou o sucessor. O jornal Financial Times (FT) adianta que Philippos Petsalnikos, presidente do Parlamento grego, antigo ministro da Justiça e antigo governador do banco central da Grécia, deverá presidir ao novo governo.