A lição maior do Terreiro do Paço
O que é que fazem juntos, a sofrer, Assunção Cristas e Fernando Medina? O que é que fazem juntos no mesmo espaço, a sofrer, Pedro Filipe Soares e o assessor diplomático do Presidente da República? São apenas exemplos (entre outros que pode ver nestas páginas, mais outros tantos que nem cabiam nelas) no Terreiro do Paço, noite fora. Quando se trata da seleção nacional, não há partidos, não há divisões. É verdade: há sofrimento. Mas esse era partilhado por 20 mil pessoas, muito para lá dos VIP que nos fizeram ali companhia - e, é justo dizê-lo, da dezena e meia de polacos que por lá estiveram também.
Verdade também: cada um dizia a sua tática. Cada um dava a sua substituição. Não há uma fórmula mágica para ganhar, não há uma só maneira de chegar à baliza. Mas é um facto que, quando a bola de Renato Sanches entrou na baliza, todos se abraçaram - sem diferenças. Que quando o árbitro apitou para o prolongamento, todos olharam com igual desespero uns para os outros da mesmíssima maneira, com igual ansiedade.
Dá vontade de dizer que é o futebol que fez isto assim. Mas não é. É mesmo o país. Com aquelas cores, com aquela força, com aquela vontade de ganhar (finalmente ganhar), de passar mais um obstáculo. De ser melhor. Sem diferenças, que não sejam a da melhor maneira de lá chegar.
O jogo acabou como sabe, mas nem é isso que impor-ta. Importa, sim, tirar a melhor lição que os meus avós me deram quando me deram a conhecer o mundo da bola: lá dentro, todos lutam para ganhar, às vezes uns contra os outros. Mas no fim todos podem ser amigos. A intenção é a melhor - ganhar. Também pode ser assim, a vida.