A liberdade musical e de espírito de DJ Lycox em "Sonhos & Pesadelos"

DJ Lycox lança pela Príncipe Discos o seu primeiro trabalho, o início de um percurso que promete uma riqueza inesgotável.
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Há três anos, Ivan Martins, mais conhecido como DJ Lycox, com apenas 16 anos já tinha o nome gravado numa das edições da Príncipe Discos. Mais precisamente no sexto disco da editora que mais tem feito pela divulgação da produção musical dos bairros periféricos de Lisboa e que há muito conquistou os palcos internacionais: Tá Tipo já não Vamos Morrer, do coletivo Tia Maria Produções. Lycox edita agora o seu primeiro disco em nome próprio, Sonhos & Pesadelos, que mostra como é um talento único nesta nova geração de produtores que transformam o kuduro (e outras músicas) em algo dificilmente catalogável.

Tinha apenas 11 anos quando começou a fazer música, conta ao DN, motivado então pelos instrumentais do DJ Edifox. "Para mim, naquela altura, ele era como uma fonte de inspiração". Cinco anos depois estava a editar pela Príncipe. "Tudo isso começou em 2015, quando o Márcio [Matos, um dos fundadores da editora] me contactou. Estivemos a conversar, mas na altura eu ainda era menor de idade e não tinha nenhuma ideia do que era uma casa de discos". Estavam dados os primeiros passos. "Não imaginava de todo [que viria a editar]. Naquela altura só pensava mesmo em fazer música".

Os temas que editou como membro do coletivo Tia Maria Produções denotam uma sensibilidade melódica que no novo Sonhos & Pesadelos sai ainda mais apurada, como prova o quase romântico (no melhor sentido do termo) Solteiro, o primeiro tema retirado deste disco.

A música de DJ Lycox espelha uma liberdade, não só musical mas também de espírito: "É difícil dizer o que penso quando estou a produzir. Apesar de o meu corpo estar no quarto, a minha mente viaja bem longe. É como se estivesse num universo onde só estou eu e a minha música". Um percurso feito a partir dos subúrbios de Paris, para onde se mudou com a família no início da adolescência.

Apesar de nos primeiros tempos a adaptação à cidade ter sido "um bocado difícil", hoje percebe como essa realidade marca a sua música. "Aqui convivo muito com senegaleses, malianos e, sobretudo, congoleses, e é daí que, por vezes, puxo aquelas percussões meio maradas, estilo coupé-decalé [estilo proveniente da diáspora da Costa do Marfim em Paris]", diz. Sonhos & Pesadelos, espelho do seu "estilo de vida" e das situações que lhe "trouxeram muita alegria e tristeza", é o início de um percurso que tem tudo para continuar a mostrar a riqueza inesgotável desta música.

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