A jornada dentro da Jornada

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Se tivermos a coragem de seguir estes valores, escutar a mensagem, de partir apressadamente e não nos desanimarmos com as contrariedades, então encontrámos a nossa jornada dentro da Jornada.

A Jornada Mundial da Juventude realiza-se em Lisboa entre os dias 1 e 6 de agosto.

Lisboa é a segunda cidade lusófona a sediar uma edição da Jornada Mundial da Juventude. Estima-se que cerca de um milhão de jovens viverá na capital e arredores enquanto durar o evento. Centenas de milhares em pavilhões, casas de famílias portuguesas e hotelaria.

Temos de recuar até 27 de janeiro de 2019 para nos lembrarmos do vibrante festejo de Marcelo Rebelo de Sousa, após ouvir que Lisboa receberia o chefe da Igreja Católica.

Recorda-nos a Agência Ecclesia que as JMJ foram a resposta do Papa João Paulo II "ao sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude". Foi um tempo de grande comunhão entre os jovens e a cativante (ou magnética?) figura de Karol Wojtyla, bispo de Roma, vigário de Cristo, mas, sobretudo, o Papa amado pela Juventude.

As JMJ passaram por Roma (1986), Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), novamente Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

Acima da espuma dos dias, de todas as pequenas polémicas que não merecem uma nota-de-rodapé nos manuais de história, aquilo que se pretende é promover um enorme e caloroso encontro da juventude de todo o mundo. Um encontro fraterno e universal entre os jovens, capaz de parcialmente revelar a universalidade da Igreja Católica, assinalando, de forma imensa, um encontro religioso entre as novas gerações - o presente e o futuro - e a expressão terrena e individual máxima do catolicismo: o Papa Francisco.

Mas, mais do que isso, é bom observar, num tempo em que tantas vezes se confrontam os alicerces da comunidade, a jornada dentro da Jornada. Um encontro de cada jovem consigo e com os que o rodeiam.

A história da humanidade está repleta de alturas felizes e sombrias. Como nos lembra o lúcido ditado "não há mal que sempre dure, nem bem que não acabe".

Porém, por muitos que tenham sido os altos e baixos da história, repleta de guerras e armistícios, revoluções e reformas, invenções e problemas, há momentos em que a imensidão da comunidade, a vivacidade da juventude e a alegria de fazer parte de algo maior se sobrepõem de forma arrebatadora ao impasse conjuntural.

Num tempo de enorme complexidade, onde as novas gerações se defrontam com algumas exigências de sempre - sucesso pelos estudos (para quem os pode ou podia frequentar), encontrar um lugar no mundo do trabalho, apoiar e criar a sua própria família, ter o seu teto - há uma esperança maior quando vemos Lisboa, por estes dias palco do mundo, repleta de peregrinos. Peregrinos que fazem do meio também o seu fim, do caminho parte da sua missão e respondem à chamada de quem ambiciona uma mudança.

S. João Paulo II foi um Papa de enorme relevância política, que ajudou a derrubar as opressões comunistas e a permitir que o mundo respirasse mais liberdade. Francisco revela-se um Papa social, que nos sobressalta pela novidade reforçada da sua mensagem de abraço aos rejeitados da sociedade.

É, por isso, que a expectativa de ouvir Jorge Mario Bergoglio sobre os nossos tempos é tremenda. Da geopolítica mundial, em que sopra intensamente a ameaça de um novo conflito global, em que os povos livres e as potências opressoras medem forças. Da preservação de um planeta que responde à necessária sustentabilidade de forma diferente e desequilibrada pelo globo. Da mudança sociológica que afeta uma parte do ocidente, entrincheirando cada um de nós nos nossos compartimentos, incapacitando de ver o maior e desenvolver o melhor.

Da democracia. Da liberdade. Da dignidade. Da participação cívica. Do respeito pelo próximo e pelas suas convicções. Da justiça e da importância da família. Da solidariedade e da comunidade. Algumas dessas realidades foram dadas pela política, outras então dentro de cada um de nós. Se tivermos a coragem de seguir estes valores, escutar a mensagem, de partir apressadamente e não nos desanimarmos com as contrariedades, então encontrámos a nossa jornada dentro da Jornada.

Presidente da Juventude Popular

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