A JMJ, uns e os outros
A JMJ teve um sucesso impressionante, assinalado com justiça pelo Papa Francisco como "a mais bem preparada", "a mais numerosa", "com uma mística, um compromisso que era verdadeiramente bonito, bonito, bonito". Através dela, Portugal projetou-se no mundo e podemos orgulhar-nos enquanto povo.
Obviamente, o esforço foi de muitos.
Tributária em primeiro lugar do que se alcançou, é a própria Igreja. Atacada tantas vezes com leviandade nos últimos tempos por quem não resistiu à tentação fácil de transformar exceções em regra apenas a pensar em votos, omitindo mais de 2000 anos de Serviço, a Igreja soube dar uma imensa prova de Fé, gritada alto pelos mais jovens, que Lhe dão atualidade e futuro. A veneração e a emoção sentidas à passagem do Papa Francisco e a força das palavras ditas em cada ocasião, fazem do Santo Padre, sucessor de São Pedro, uma personalidade incontornável neste século, aos olhos de crentes e não crentes.
Em segundo lugar, tem de se destacar o empenho da Câmara Municipal de Lisboa, muito bem liderada pelo presidente Carlos Moedas, numa coligação que o CDS-PP integra com o PSD, e da Câmara Municipal de Loures, a par de outras, nelas se incluindo técnicos e funcionários. Foi assim, apesar dos entraves públicos de um Governo que ajudou pouco, mesmo tendo mais meios. O poder local superou o poder central. Na rua e nas celebrações, foi escutado muitas vezes o reconhecimento público devido aos eleitos do CDS-PP para o executivo - o vice-presidente Filipe Anacoreta Correia e os vereadores Diogo Moura e Sofia Athaíde -, e a membros de junta de freguesia, nomeadamente do presidente Carlos Ardisson, do Parque das Nações.
Em terceiro lugar, a PSP e os grupos de segurança destacados, mereceram os aplausos dos peregrinos em todos os locais, em agradecimento pela competência e dedicação inexcedíveis. Os oficiais e agentes, e nesta parte a própria tutela, estiveram muito bem. O mesmo se diga dos agentes de socorro, casos de bombeiros e na área da saúde.
Finalmente, os integrantes de múltiplas outras equipas e serviços, mais de 30 mil jovens voluntários e mais de um milhão e meio de peregrinos, garantiram eles próprios um acontecimento inigualável, que ficará na memória de quem o viveu e nos registos da história. Em 2027, em Seul, a próxima JMJ terá uma fasquia bem alta para superar.
Dito isto, se o que se alcançou, sendo de tantos, não é apropriável por ninguém, é também evidente que no plano político o empenho de uns contrastou com o afastamento de outros.
O CDS-PP deu todo o apoio político, nacional e autárquico, à realização da JMJ, manifestado desde cedo ao cardeal D. Manuel Clemente e ao bispo D. Américo Aguiar, rostos mais visíveis da imensa capacidade com que o clero português abraçou a demanda. A própria sede do CDS-PP, em Lisboa, foi deixada à disposição do Patriarcado para albergue de peregrinos, ou outros fins, se assim o desejassem.
Já no Chega, enquanto o Papa se dirigia ao mundo em Lisboa, André Ventura, que não se viu em nenhuma ocasião relevante da JMJ, visitava ostensivamente a Madeira em campanha, definindo as respetivas prioridades, depois de no passado ter já afirmado publicamente que acha que este Papa presta um mau serviço ao Cristianismo. Ao recusar participar na JMJ, André Ventura foi coerente com a circunstância de liderar um partido político que pouco tempo antes submeteu D. Manuel Clemente e a Igreja Católica ao enxovalho de uma audição parlamentar, esquecendo a Concordata com a Santa Fé. Seria bom que os católicos que lhe emprestam o voto pensassem nisso.
Do mesmo modo, Chega e Iniciativa Liberal foram principalmente audíveis pelas suspeições levantadas em relação aos ajustes diretos, ignorando as obrigações de fiscalização concomitante do Tribunal de Contas e a apreciação preventiva de um número muito significativo de contratos, necessários pela excecionalidade do tempo curto e da concretização da tarefa gigantesca.
Fique isso também para memória futura.
Presidente do CDS