A importância do rastreio de base populacional no cancro do intestino

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Quando falamos do cancro do intestino em Portugal, falamos de uma doença que apresenta uma mortalidade de 11 pessoas por dia e surgem anualmente 7 mil novos casos. São, sem dúvida, números assustadores, para esta que é uma patologia perfeitamente rastreável e que, quando detetada atempadamente, tem uma elevada taxa de cura, cerca de 90%. A Europacolon Portugal, Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo tem lutado nestes últimos 11 anos pela implementação do rastreio que apresenta, desde logo, benefícios diretos, salvando inúmeras vidas, e também benefícios a longo prazo, evitando os custosos tratamentos deste cancro.

Em Portugal, ainda não existe um rastreio de base populacional devidamente implementado como existe para outros tipos de cancro, como por exemplo o cancro da mama. É urgente apostar em políticas preventivas de saúde e também aumentar a consciencialização sobre a doença, os seus sintomas, os fatores de risco, o diagnóstico, entre outras informações. Está comprovado que quanto maior a literacia em saúde, maior é o benefício e capacidade de resposta de cada cidadão no seu processo terapêutico, seja no aspeto preventivo ou quando encara uma doença.

Temos monitorizado a situação e manifestado toda a nossa preocupação em todos estes anos pela não implementação do rastreio de base populacional, o que se traduz neste número preocupante de mortes. É necessário um empenho de todas as partes envolvidas, cidadãos, médicos, entidades oficiais, associações, para que se revertam estes números de mortalidade. É urgente a mudança desta realidade e implementar políticas que viabilizem uma melhor saúde em Portugal.

Segundo as boas práticas internacionais e nacionais, o cancro do intestino deve ser realizado entre os 50 e os 74 anos e temos verificado até casos em idades precoces. O rastreio pode salvar vidas e é fundamental que este seja implementado com base populacional em todo o território nacional. Urge assim, por parte das entidades responsáveis, as medidas necessárias para que o rastreio seja uma realidade. Tendo um custo benefício muito favorável e certamente evitando tantas mortes em Portugal, é imperativo que o rastreio seja organizado com base populacional, após diversas tentativas de projetos-piloto, que não vieram resolver este grave problema.

A Europacolon Portugal, ciente da importância do rastreio, desenvolve desde 2014, em parceria com as Farmácias Holon este teste de diagnóstico, através da pesquisa de sangue oculto nas fezes, em diversas farmácias deste grupo, em todo o território nacional. Esta articulação permitiu detetar diversos casos positivos que são encaminhados para o médico para a realização de colonoscopia, método de diagnóstico mais eficaz e que até permite a remoção de pólipos em pleno ato do exame. Este ano o rastreio irá ocorrer durante o mês de abril e a lista de farmácias aderentes já pode ser consultada em www.europacolon.pt.

Devemos adotar uma postura mais ativa no nosso processo de Saúde e fazer boas escolhas, ou seja, um estilo de vida mais ativo, uma alimentação saudável e também não ter receio de fazer as perguntas que acharmos necessárias ao médico. A partir dos 50 anos é fundamental a realização do rastreio deste cancro ou antecipar caso tenha antecedentes familiares diretos. Estamos e estaremos atentos a toda a evolução da implementação do rastreio ao cancro do intestino em Portugal, conscientes da sua importância para a saúde de cada um de nós e para as gerações futuras. É, de facto, na prevenção que está o ganho...ganho de vidas humanas e de um melhor futuro na Saúde dos cidadãos.

Presidente da Direcção da Europacolon Portugal

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