A importância de saber ceder o volante da empresa

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Asucessão sempre foi sinónimo de problemas. Se nas monarquias medievais foi justificação para várias batalhas, nos dias de hoje, no campo empresarial, é igualmente motivo de grandes lutas. Especialmente no seio das empresas familiares, onde nem sempre é fácil fazer a distinção entre sangue e competência.

Uma empresa familiar é uma organização que é detida maioritária ou relativamente por uma família. Esta tem que estar representada no capital e nos órgãos de controlo da empresa, nomeadamente no conselho de administração, por exemplo. Na maioria dos casos, isso inclui também funções directivas, com um dos membros do clã a assumir o papel de líder.

"Uma pessoa com o nome da família na chefia da empresa só é positivo se ela tiver as competências para levar por diante um cargo de administração", adverte Maria Loureiro, directora-geral da Unilco-SEG - Consultores de Empresas Familiares. Para explicar o seu ponto de vista, a especialista dá um exemplo: "Eu posso ter um avião, mas se não tiver capacidade para o pilotar, não o faço. Ou então sou tonta!"

Saber sair e dar lugar a outro

As empresas familiares representam mais de 80% das 350 mil sociedades activas em Portugal. Desde o café da esquina até à Sonae, existe um universo que trespassa microempresas e PME até envolver alguns dos principais conglomerados nacionais. E todas se defrontam, a determinada altura, com o mesmo problema: como fazer a sucessão de liderança à próxima geração?

Na opinião de Maria Loureiro, "não há um modelo definido". Ainda assim, existem duas normas que devem estar sempre presentes. Por um lado, o sangue não deve ser o factor de decisão, mas sim a competência - em termos organizacionais, deve haver separação da propriedade e da gestão. Por outro, a sucessão não se faz no leito da morte - "preparar um líder demora tempo: no mínimo cinco anos, às vezes nunca menos de dez", vaticina a directora geral da Unilco-SEG.

Um dos problemas na transição é a dificuldade do actual líder em deixar de ser actor principal e passar a tutor. Tudo porque existem líderes demasiado agarrados à cadeira, que pensam que perder a liderança é perder o poder. Nada mais errado: isso não significa sair do conselho de administração, mas antes passar de executivo a não--executivo. Não se perde o poder, apenas a gestão.

"A transição é o último teste de grandiosidade de um líder" de uma empresa familiar, diz Maria Loureiro. "Porque esse é o derradeiro grande acto de gestão e é também o confronto com a mortalidade - preparar alguém para dar continuidade ao nosso trabalho." C

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