A Idade Média não é tão escura como a pintam e até se tomava banho
Mécia, mulher do alcaide de Faro, não podia ter filhos. A culpa só podia ser dela e o casamento já estava sob suspeição. Fosse de usar contraceptivos, fosse de realizar aborto ou de praticar infanticídio. A mulher tentou todos os preceitos para a cura da infertilidade, incluindo verter ao pôr-do-sol, a sua urina e a do marido sobre uma folha de alface. Na manhã seguinte a que estivesse seca diria quem era estéril. Como nada disto funcionasse, recorreu a um santuáro. A história vem contada no Frei Luís de Sousa, e é relatada nas primeiras páginas de O Dia a Dia em Portugal Idade Média", da historiadora e professora Ana Maria Rodrigues Oliveira.
Quatro esferas - familiar, política, religiosa e social - conduzem os leitores por uma época associada a obscuridade, ideias que Ana Rodrigues Oliveira pretende desfazer. "Pensa-se que era uma época de tristeza e sofrimento, mas não é verdade. De tudo se fazia uma festa", afirma. "As igrejas, que hoje entendemos como local de culto, de respeito, era onde se faziam as cerimónias litúrgicas, sim, mas também se festejava, bebia-se, fazia-se a festa ali dentro", conta, em entrevista ao DN.