A história de Philippe Petit: o homem que atravessou o céu num cabo de aço

Chega hoje às salas o novo filme de Robert Zemeckis, <em>O Desafio</em>.
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Numa linha desenhada a lápis, na página de uma revista onde figurava o projeto arquitetónico do World Trade Center, Philippe Petit "selou o seu destino". Assim se lê no livro de memórias To Reach the Clouds, onde expõe os planos de um sonho louco, feito realidade.

Chamou-lhe com carinho "o golpe", e trabalhou convicta e arduamente para a sua concretização. As mesmas palavras se ouvem por Joseph Gordon-Levitt, que dá voz e corpo ao funambulista francês neste novo olhar do cinema sobre um dos mais inacreditáveis delitos artísticos da história: o jovem de 24 anos que, a 7 de agosto de 1974, atravessou o vazio dos 61 metros que separavam as Torres Gémeas, a uma altura de outros 417 metros, equilibrado num cabo de arame, caminhando para trás e para a frente, em desafio às autoridades policiais.

Depois do admirável documentário Homem no Arame, de James Marsh, vencedor de um Óscar, e já com a memória negra do 11 de Setembro a uma distância segura, é a vez de uma abordagem ficcional e fantasiosa do episódio extraordinário, que só poderia encontrar em Robert Zemeckis um forte candidato à realização.

The Walk - O Desafio mune-se de ousadia tecnológica e de um afinado elenco, para contar a história que está por detrás da arte final de Petit. Um pouco como já o vimos fazer em Forrest Gump: percorrer um passado, desde a infância, de forma um tanto caricatural e estereotipada, para nos conduzir ao ponto decisivo de uma vida.

Aqui o protagonista não oferece a sua narração sentado num banco de jardim, como Tom Hanks, mas antes, imagine-se, na tocha da Estátua da Liberdade, com vista direta para as Torres Gémeas, como se a distância deste ponto ao outro fosse uma metáfora da distância que os pés de Petit percorreram oito vezes entre os dois malogrados edifícios.

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