A guerra que ninguém quer

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A três dias de se completar um ano de conflito, um dia após a Conferência de Segurança de Munique, o Presidente americano desembarcou hoje em Kiev para uma visita surpresa.

Depois do périplo de Zelinsky, que incluiu os Estados Unidos em dezembro último, foi agora a vez de Joe Biden visitar Kiev e logo na semana em que se assinala um ano de guerra. Fá-lo anunciando um novo conjunto de medidas de apoio ao povo ucraniano, entre elas um pacote de ajuda de 500 milhões de dólares.

Para além da simbologia do momento, Biden não foi brando com as palavras. Fez questão de assinalar o apoio dos Estados Unidos, tanto do lado Democrata como Republicano, e não baixou o tom da crítica ao agressor: deixou claro que, ao contrário das expetativas de Putin, Kiev mantém-se, a Ucrânia está intacta e, por isso, a Democracia prevalecerá.

Afirmou ainda que Putin se enganou redondamente. Porquê? Porque a comunidade internacional, do Atlântico ao Pacífico, se mobilizou, continua unida e a impor sanções, apoiando a Ucrânia ao nível militar, económico e humanitário.

No meio da ajuda e, sobretudo, da resistência e determinação ucranianas, este conflito tem surpreendido a comunidade internacional. O suposto David, em vários momentos durante o último ano, foi mais forte do que Golias.

Todavia, o flagelo maior está, como é habitual, do lado civil. São duas nações próximas, com familiares dos dois lados, e que não fazem mais do que sobreviver à dura realidade da guerra. O grande trabalho está ainda por vir, que passará pela reconstrução da Ucrânia e a definição do seu futuro e estatuto na comunidade internacional.

Em simultâneo, também a Europa terá de fazer o seu caminho de recuperação. Afinal de contas as réplicas no velho continente são muitas, como por exemplo o aumento galopante de bens alimentares e energia. Ninguém lida bem com preços 40% acima do normal, logo os impactos na generalidade das famílias europeias é enorme e fraturante.

Mesmo que no fundo haja consciência do contexto internacional e seu contributo para a subida de preços, perante a adversidade e a dificuldade em satisfazer necessidades básicas muitas vezes a culpa vai na direção de quem está mais perto, como identificou António Costa.

Certo é que um ano depois não se pode perder o foco. A Ucrânia resiste a uma guerra que (quase) ninguém quer e cujas feridas já ultrapassaram aquelas fronteiras há muito. Kiev está hoje mais perto do que nunca e a Ucrânia nunca foi um país tão familiar como atualmente.

Que não se esqueça quem é o verdadeiro responsável por este conflito e que, de facto, se continue a lutar por preservar os valores da Democracia e da Liberdade.

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