A glória e a queda de Ernesto 'Che' Guevara

'Che: 1.ª Parte', de Steven Soderbergh, estreou-se em Portugal, com Benicio del Toro no papel do título, premiado em Cannes. A 'Parte 2' chega no dia 2 de Abril
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Em 1969, Richard Fleischer realizou Che!, uma biografia de 'Che' Guevara com Omar Sharif no papel do título e Jack Palance no de Fidel Castro, que passou para a história como um dos piores filmes de toda a década de 60.

Quase 40 anos depois, outro realizador americano, Steven Soderbergh, pôs nas telas um filme em duas partes (antestreado como um só no Festival de Cannes, mas depois separado por motivos comerciais) sobre o argentino que ajudou a derrubar Fulgencio Batista e a instaurar um regime comunista em Cuba ao lado de Fidel Castro, mas falhou tentativas revolucionárias semelhantes no Congo e na Bolívia.

Guevara viria aqui a ser capturado e executado, transformando-se numa figura de topo do panteão mitológico da esquerda, num símbolo universal de rebeldia, num ícone revolucionário e também numa marca profusamente mercantilizada e banalizada.

Estreia-se em Portugal Che:1ª Parte, centrado na campanha de guerrilha que levou Fidel Castro e os seus barbudos ao poder, e foi rodado por Steven Soderbergh "como se fosse um filme de Hollywood", técnica e narrativamente.

Para fazer a segunda parte, sobre a fracassada campanha boliviana, Soderbergh recorreu ao Super-16 digital, filmando quase sempre com câmara à mão ou em grua (o realizador esperou que estivessem prontas as novas câmaras RED One) e rodeando-se de uma pequena equipa.

Os filmes, originalmente baptizados The Argentine e Guerrilla, foram realizados em simultâneo, o primeiro em Espanha durante 39 dias; e o segundo em Porto Rico e no México, exactamente no mesmo número de dias.

No entanto, o projecto não esteve nas mãos do realizador de Sexo, Mentiras e Vídeo desde o início. Tudo começou quando a produtora Laura Bickford e o actor Benicio Del Toro, que interpreta Guevara, compraram os direitos da biografia de John Lee Anderson Che Guevara: A Revolutionary Life, mas acabaram por os deixar caducar, por não conseguirem encontrar um argumentista.

Terrence Malick foi então contactado para escrever um argumento centrado na frustrada campanha boliviana de 'Che' Guevara. Mas o financiamento não apareceu e um ano e meio depois, Malick foi rodar O Novo Mundo.

Steven Soderbergh entrou para o projecto no lugar de Malick, o argumentista Peter Buchman foi contratado para escrever o argumento, o filme foi todo restruturado e tomada a decisão de que iria ser rodado em espanhol, o que afastou os financiadores nos EUA.

A produção acabou por ser garantida graças a dinheiro francês e espanhol, e quando o filme passou em Cannes, ainda não tinha distribuidores. Benicio del Toro ganhou o Prémio de Interpretação Masculina no festival, por um papel que levou 7 anos a preparar.

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