A falar com jovens, Metsola apela a "políticas mais efetivas e coerentes"
Os canapés, os sumos de fruta e os bolinhos já estão servidos quando Roberta Metsola chega ao coreto do Jardim da Estrela para falar de políticas europeias com cerca de 40 jovens. A deslocação foi curta, porque horas antes esteve na Assembleia da República, logo ali ao lado, reunida com o Presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva, Edite Estrela (vice-presidente) e Luís Capoulas Santos (presidente da comissão de Assuntos Europeus).
E, ao chegar ao local, jovens não faltavam pelo jardim. Casos de Fernando Ruivo, de 26 anos, e Maria Faro, de 23, que, ao DN, disseram ser "bastante positivo" haver iniciativas como esta. "O sítio escolhido, e mesmo o formato, acaba por beneficiar um maior relaxamento e motiva a que haja um maior à-vontade", acrescenta Maria.
Na sessão, moderada por Henrique Burnay, durou cerca de uma hora e muitos foram os temas abordados nessa conversa. O primeiro aplauso da manhã chegou em jeito de agradecimento, pedido pelo moderador, depois de ressalvar o papel de Metsola enquanto líder do Parlamento Europeu ao "ser uma das primeiras pessoas a ir a Kiev, ainda na fase inicial do conflito" - algo que, no dia anterior, Carlos Moedas já tinha feito, quando recebeu a responsável europeia na Câmara Municipal de Lisboa.
O burburinho na plateia chegou logo na ronda de abertura, quando um dos participantes questionou a presidente do Parlamento Europeu, sobre a alegada falta de abertura pró-Europeia que Portugal manifestou ao votar contra a criação de listas eleitorais transnacionais. Isto depois de, um dia antes de iniciar a visita oficial, Metsola ter assumido numa entrevista à Lusa que Portugal é "extremamente pró-europeu" e que pode vir a ser uma nação líder na UE. A presidente do Parlamento Europeu mantém a sua tese ("Portugal é o Estado-membro mais pró-europeu", responde) e acrescenta outro tópico: "As pessoas votaram menos do que aquilo que gostaríamos e esse número [de votantes] precisa de aumentar, mas isso também é minha responsabilidade. Até porque há políticas que se pensa que são apenas nacionais mas surgem de decisões tomadas a nível europeu, por rostos que foram eleitos aqui."
Segundo a líder do maior órgão político comunitário, há espaço para fazer mais a nível europeu, sobretudo no que a políticas públicas e humanistas diz respeito. "Aquilo que tento fazer é trazer os valores mais humanistas que me passaram enquanto crescia. Há leis em cima da mesa. Se são sempre aplicada? Não. E por isso é mais fácil dizer que precisamos de mais leis ou mais dinheiro, mas não é essa a solução. Temos de ter políticas efetivas e coerentes e um mecanismo de solidariedade que funcione", considera. O que pode, portanto, a União Europeia fazer? "Dar respostas e não se esconder atrás de burocracia e precisamos de mostrar que haverá sempre uma solução para os problemas", considera.
Na opinião de Francisco Ruivo, "o discurso da presidente feito hoje [sexta-feira] colocou as expectativas em alta para o Estado da União" (dia 14), porque considera, "os decisores políticos parecem estar focados e motivados em resolver alguns problemas decorrentes da guerra na Ucrânia, como o aumento do custo de vida, dos preços e da inflação".
Depois das selfies e das despedidas no Jardim da Estrela, o programa seguiu com uma intervenção no encerramento das Conferências do Estoril, onde a líder europeia defendeu uma presença mais vincada da UE no combate à atual crise energética.
Na linha do que defendeu de manhã, Metsola voltou a frisar que há decisões que podem ser tomadas "agora e isso não pode esperar". "Podemos agir em conjunto para limitar o impacto, quer se trate da criação de limites máximos para as contas, da fixação dos sistemas de preços ou da desagregação do preço da eletricidade e do gás", defendeu, concluindo: "Se alguma vez houve um momento para haver mais Europa, ele está aqui e agora. A Europa tem de se erguer para enfrentar os desafios e a única forma de avançar é se estivermos unidos."