Para quem retém na memória a sensação de liberdade proporcionada pela condução de um motociclo, num tempo em que o uso de capacete era ainda facultativo, voltar a pegar numa scooter é voltar à juventude. Foi tomado por esse sentimento que me dirigi ao stand da Piaggio, 35 anos depois de pela última vez ter pegado num veículo motorizado de duas rodas. Confessada a ousadia, era notório o nervosismo do senhor Carlos Lebre - proprietário da concessionária - no momento de me passar para as mãos a nova LX 125. A escolha da Vespa como cobaia da minha longa inatividade prende-se não só pela sua fácil condução, mas também pelo simbolismo de guiar um ícone da mobilidade urbana, com mais de 17 milhões de unidades vendidas. .Revelada ao mundo em 1946, com o propósito de ser um meio de locomoção acessível no período pós-Segunda Guerra Mundial, tempos em que escasseava o dinheiro e os combustíveis, apresenta-se hoje capaz de voltar a desempenhar uma função idêntica. Não que vivamos uma experiência paralela, mas porque parecem ir ganhando cada vez mais consistência os pressupostos que outrora lhe conferiram viabilidade. Argumento atualmente reforçado pela isenção de pagamento das tarifas de estacionamento nos principais centros urbanos - a que estão sujeitos os veículos de quatro rodas -, assim como pelo reposicionamento da lei, que passou permitir a um qualquer normal encartado a conduzir veículos de duas rodas com cilindrada até 125 cc. .Rejuvenescida com o passar do tempo, a Vespa tem no modelo LX 125 uma scooter prática e funcional, em que o seletor de velocidades no punho é coisa do passado e a estreia do novo motor o avanço mais vanguardista do segmento. Trata-se de um monocilíndrico a quatro tempos, refrigerado a ar, com distribuição a três válvulas(duas de admissão e uma de escape) e alimentação por injeção eletrónica. Estudado e construído num dos centros de investigação e desenvolvimento mais avançados a nível mundial, o novo motor da Vespa tem como grande objetivo aumentar a prestação e baixar o consumo de combustível e emissões poluentes. A estes aspetos técnicos deverá ser acrescentado outro de sentido mais pratico: debaixo do assento, a LX possui uma pequena mala onde se pode guardar um capacete que, retirando-se facilmente, permite pleno acesso ao motor. Longe vão os dias em que para fazer reparações no motor era quase preciso desmontar a moto. Com ignição automática e uma condução extremamente equilibrada, em virtude do novo posicionamento do motor, a nova LX 125 pode ser adquirida a partir de 3500 euros.