A estreia triunfal de Bon Iver em Lisboa

Justin Vernon (Bon Iver) definiu concerto de ontem no Coliseu dos Recreios como uma das suas noites "mais memoráveis". Hoje atua no Coliseu do Porto.
Publicado a
Atualizado a

Ontem à noite era latente a ansiedade à flor da pele entre as milhares de pessoas que esgotaram o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para receber a estreia em palcos nacionais de Bon Iver. Cada canção foi sendo recebida com um histerismo estridente como se fosse a última. Muitos chegaram mesmo a mandar calar franjas do público que não se continham no seu entusiasmo.

Não havia dúvidas que o projeto liderado por Justin Vernon é mesmo um dos grandes fenómenos de popularidade da atualidade, caminhando as suas canções para palcos e produções cada vez mais arrojados e de grandes dimensões. O potencial para o concerto de estádio sente-se de forma evidente.

Ao todo foram nove músicos em palco que deram corpo às canções de ambições épicas de Bon Iver. E, como seria de esperar, foi Beth/Rest, antes do encore, que se revelou o momento mais desafiante da noite. Canção de uma grandiosidade barroca, na qual Justin Vernon vai contra a ditadura do imposto bom gosto, "abusando" até onde lhe foi permitido dos efeitos vocais numa canção que vive da constante acumulação de camadas melódicas e harmónicas.

Antes, em Holocene, foi especialmente perceptível a sintonia perfeita entre os nove músicos, uma vez que a complexidade sonora que esse trabalho implica nunca afetou o som que chegava depois ao público.

Além das canções do muito aplaudido Bon Iver,Bon Iver (2011), o músico andou para trás e recuperou canções da sua estreia, For Emma,Forever Ago (2008), quando ainda era um músico solitário. Se na maioria dos casos esses temas foram bem adaptados aos contornos épicos que caracterizam a sua banda e a sua música, o mesmo não se passou durante re:Stacks, com Justin Vernon sozinho em palco. Apesar da extrema euforia que este momento causou entre os seus fãs, foi claro que não é sozinho que o músico mostra todas as suas valências, revelando-se até mais limitado na carga emocional que dá às canções, sendo por isso sempre mais preciso e criativo quando se entrega à sua veia épica.

Desse primeiro disco foi ainda interpretada Skinny Love, uma das mais aplaudidas da noite, e For Emma, que fechou o concerto de forma trinfal com o público mais que rendido.

Durante o espetáculo o cantor não deixou de elogiar mais que uma vez não só a cidade de Lisboa, mas também os seus fãs, surpreendendo-se com a forma calorosa com que foi recebido, definindo a noite como uma das "mais memoráveis" que viveu.

Esta noite sobe até ao Coliseu do Porto, mas o regresso já está marcado para outubro com um concerto no Campo Pequeno.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt