A ESTAFADA CASSETTI DAS VITÓRIAS MORAIS

Publicado a
Atualizado a

Rui Costa e Vukcevic coincidiram na análise. Talvez por os dois carregarem às costas o n.º 10 e serem, por inerência, mais sensíveis ao belo futebol. O "maestro" do Benfica disse, depois de concluído o jogo em Glasgow, que os encarnados tinham feito a melhor exibição na Liga dos Campeões. Menos de 24 horas depois, foi a vez de Simon (Vukcevic) dizer em pleno Alvalade que a equipa tinha feito a melhor partida no Grupo F. Como é evidente, basta a "autoridade" de dois artistas como Rui Costa e Vukcevic para se tomar automaticamente como verdadeiras as opiniões dos dois médios. Mas isso, só por isso, não significa que Benfica e Sporting possam queixar-se exclusivamente da sorte para justificar resultados decepcionantes frente a Celtic e AS Roma.

Na Escócia, as águias acabaram por beneficiar de uma grande exibição de Quim, que mesmo antes do intervalo impediu que os "católicos" penalizassem severamente alguns erros inadmissíveis de Cardozo no capítulo da finalização. Não fosse o excepcional momento de forma do guarda-redes e talvez Camacho tivesse regressado do Reino Unido com um resultado assustador. Em Alvalade, contra o vice-campeão italiano, os leões confirmaram a Liedsondependência, um pouco na linha daquilo que aconteceu ao Benfica no Celtic Park, onde ninguém conseguiu encontrar alguém suficientemente credível para acompanhar o desinspirado Cardozo.

Já o FC Porto, num plano totalmente contrastante, viu Tarik Sektioui roubar o protagonismo a Quaresma e assumir-se como o complemento ideal para Lisandro López, que teve duas grandes oportunidades e? apenas desperdiçou uma. Ou seja, quando uma equipa revela na Liga dos Campeões a maturidade suficiente (mesmo sem Lucho González!...) e aproveita as ocasiões, nem sequer é preciso jogar bastante bem durante os 90 minutos para arrecadar os três pontos milionários. Aliás, pode, inclusive, conforme aconteceu com o conjunto orientado por Jesualdo Ferreira, dar-se ao luxo de exibir o mesmo tipo de fragilidades de Benfica e de Sporting e? ganhar.

Sim, os mais desatentos não devem ignorar que também o Dragão sofreu um golo comprometedor à conta do seu jogador n.º 4, Stepanov. Como tinha sucedido no Velódromo, o ex-Trabzonspor limitou-se a ver de perto a cabeçada de Niang para golo, "imitando", quase na perfeição, o desvio de Luisão (o n.º4 do Benfica?) após remate de McGeady e o "corte" infeliz de Polga (o n.º 4 do Sporting?) na sequência do disparo de Pizarro. A grande diferença a favor dos bicampeões nacionais esteve no índice de aproveitamento, pois até foi a equipa portuguesa com menos tempo de posse de bola (43% contra os 46% do Benfica e os 50% do Sporting) sem que isso a impedisse de acabar o jogo com um total de cinco remates à baliza, tal qual aconteceu com águias e leões.

Os encarnados foram incapazes de concretizar em Glasgow enquanto os homens de Paulo Bento empataram a duas bolas com uma Roma que no único remate à baliza acabou por marcar um golo, por sinal espectacular, obra do lateral Cassetti. Com este nível de eficácia, também é mais fácil ter sorte e deixar as vitórias morais para os outros?

Quando é que Dunga (se) resolve?

Nos últimos seis jogos do Sporting, Liedson marcou sete golos e manteve a equipa teoricamente com aspirações em três provas, ou seja, Taça da Liga, Liga nacional e Liga dos Campeões. O "Levezinho", que em dois jogos frente a um opositor colossal como é a Roma não se contentou com menos de? três golos, já merecia há muito uma chamada do seleccionador brasileiro. Teimosamente, Dunga esquece-se do n.º31 leonino, da mesma forma que se esquece de Polga. Talvez Gladstone lhe avive a "memória"?

Dança com treinadores

Duas equipas estreiam nesta jornada mais dois "novos" treinadores na Liga. Manuel Machado, que tinha começado a época na Académica, acaba de ser contratado pelo Sp. Braga e vai começar logo contra o outro Sporting, o mesmo que lhe infligiu uma goleada de 4-1 na jornada inaugural. Já Vítor Oliveira, depois de subir o Leixões, assume o desafio de salvar uma U. Leiria que não conseguiu trazer para a ribalta Paulo Duarte. Se Blatter fizer aprovar a lei que proíbe as transferências de treinadores em qualquer altura, o que será do mercado português?... |

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt