A esperança na juventude... e a falta dela na Saúde

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Com o mundo virado do avesso, desde a Ucrânia a Taiwan, a palavra esperança ganha um reforçado significado. Esperança constrói-se com paz e também com juventude. Começando pela paz, no seu tom provocador e polémico, Pedro Abrunhosa disse há dias aos microfones do Diário de Notícias e da TSF: "Não quero que o presidente Putin vá procriar consigo próprio, quero é que ele pare com a guerra". Terminar a guerra é essencial para o reequilíbrio político e económico, que, no final das contas, é aquele que os portugueses mais sentem na sua carteira todos os dias, devido à subida do preço da energia, da taxa de inflação e das taxas de juro. Passando à juventude, é e sempre será ela que nos devolve a esperança de um mundo melhor. Não acreditem nos Velhos do Restelo que gostam de dizer bem alto que "a juventude está perdida". Não só não está perdida, como se trata da geração mais bem qualificada de sempre e que começa, finalmente, a ganhar um sentido de urgência ambiental e de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Já lá vai o tempo dos lobos de Wall Street ou dos yuppies, termos cunhados no início dos anos 1980 para caracterizar os viciados em trabalho (workaholic) e viciados em acompanhar as últimas tendências da moda.

Hoje a juventude quer mais do que isso, que o digam os recrutadores que têm grandes dificuldades em ir ao encontro das expectativas dos jovens formados. A juventude quer mais do que dinheiro na conta. Quer ter mais tempo para si e um verdadeiro propósito para a sua missão na Terra. Milhares desses jovens, pelo menos os católicos, vão reunir-se na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, que trará a Portugal o Papa Francisco (assim a sua saúde o deixe viajar em agosto de 2023). Os jovens não vão apenas orar e rezar com o Papa, vão reunir-se, em jeito de retiro, pela paz e em busca de um mundo melhor, mas também de um sentido claro para as suas vidas e para a humanidade. A esperança constrói-se todos os dias, mas reunir forças e ambições ajuda a renovar esse sentimento na comunidade.

Por falar em esperança ou falta dela, na área da Saúde os portugueses depositam cada vez menos expectativas. Cem clínicos informaram a ministra da Saúde, Marta Temido, que recusam responsabilidades em urgências hospitalares sem equipas médicas completas e capazes de assegurar o serviço. A decisão, associada à recusa de realizarem mais de 150 horas extraordinárias por ano, como o DN avançou esta semana, vai complicar e muito a elaboração de escalas para as urgências, com períodos de férias de verão à mistura. No setor da Saúde já há quem faça apostas baseadas na convicção de que a ministra da Saúde pode não passar do verão. Rumores, desejos ou expectativas à parte, a gravidade do estado das urgências deixa toda a população preocupada e com razão.

Diretora do Diário de Notícias

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