À espera de Mizoguchi e Kurosawa

Paulo Branco, distribuidor dos filmes de Wim Wenders em reposição, faz o ponto da situação sobre o regresso dos clássicos.
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Paris, Texas surgiu em 1984, dois anos depois de O Estado das Coisas - como resistiram ao tempo?

Uma das coisas importantes na reposição dos filmes é, exatamente, percebermos como resistem ao tempo e se se mantém a forma como os vimos a primeira vez. No caso de O Estado das Coisas, fiquei positivamente surpreendido: apesar de ter coproduzido o filme, havia outras obras de Wenders que preferia; depois desta revisão, acho que é um dos seus filmes essenciais.

Que entidades surgem envolvidas nestes restauros?

A Fundação Wim Wenders, que, por iniciativa do realizador, recuperou os direitos e materiais da maior parte dos seus filmes. Através de uma importante política de subvenções, tem vindo a levar a cabo estes restauros, de grande qualidade, sob a supervisão do próprio Wim Wenders e de Donata Wenders.

Estas reposições vêm na sequência de outras (de Yasujiro Ozu ou de Ingmar Bergman). Globalmente, qual a reação dos espectadores?

A reação tem sido impressionante, a demonstrar que há uma sede de redescoberta das obras dos grandes autores, sobretudo através da exibição nas salas. Pena é que grande parte dos nossos críticos (ou dos que se dizem) não tenham aproveitado estas reposições, com restauros de enorme qualidade, para as reverem no grande ecrã, e ousam escrever sem terem feito essa revisão, que para mim deveria ser essencial.

As reposições voltaram a ser uma via importante do mercado?

As reposições de clássicos apenas demonstram que, como em qualquer outra arte, as verdadeiras obras são eternas - a sua fruição é um elemento indispensável de prazer e de conhecimento para qualquer espectador.

Que outros ciclos estão agendados?

Para já, haverá outros filmes de Wim Wenders. Em abril, começaremos uma grande operação dedicada à cinematografia japonesa, primeiro com um ciclo de nove obras de Kenji Mizoguchi (seis das quais inéditas em sala em Portugal), alguns filmes de Oshima e de Ozu, e no final do ano ou no início de 2018 uma retrospetiva dedicada a outro dos maiores realizadores nipónicos: Akira Kurosawa.

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