A economia na UE e o aperto orçamental
? O aperto do crédito, induzido pela quebra de confiança no euro, fez mudar abruptamente a estratégia europeia de saída da política pró-cíclica, lançada há um ano. Na altura, criticou-se a propaganda à volta de um pacote de medidas "da UE", que, em boa medida, resultava da justaposição das duas dúzias de programas nacionais de incentivo à procura, quando esta caía a pique na 2.ª metade de 2008 e no 1.º trimestre de 2009. O tal pacote, recorde-se, foi então considerado insuficiente para relançar a economia europeia.
De facto, se Abril de 2009 foi o ponto de viragem da conjuntura económica na Europa, só um número escasso de países (entre eles Portugal) encetou aí a trajectória de subida. A generalidade dos 27 só se lhes juntou no 4.º trimestre (+0,1%), passando para escassos +0,2%, no 1.º trimestre de 2010. Ao tocar a rebate, em todas as capitais do continente, no corte dos défices, o euro desliza para próximo do seu ponto de equilíbrio face ao dólar dos EUA (em paridades de poder de compra), situado entre 1,15 e 1,20 dólares por cada euro.
A crise das dívidas soberanas no Sul da UE, fazendo recuar a moeda única, acabou por acelerar as exportações europeias, com sinais de reforço do centro do sistema, a Alemanha, na qual as exportações representam 47% do seu PIB. O aperto do cinto orçamental em toda a União vai dificultar internamente este incipiente impulso de crescimento. Mas, agora, são os norte-americanos e os chineses a queixar-se desta brusca desvalorização do euro, tornando mais difícil a colocação dos seus produtos no Velho Continente. Chegará este aperto para deitar abaixo o crescimento? Ninguém o saberá dizer ainda ao certo. Mas o BCE tem afirmado que vai manter-se o impulso de subida, ainda que debilitado.