A economia circular na viagem da equipa Energia

A viagem das três equipas que participam no desafio <em>Climes to Go </em>continua e o DN acompanha as aventuras que enfrenta na viagem até Glasgow, onde de 31 de outubro a 12 de novembro terá lugar a Cimeira do Clima. Neste diário conta-se a passagem por Barcelona com destino a Paris.
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Além da interação no Museu de Ciências Naturais, pouco mais estava planeado oficialmente para Madrid. Passámos sem visitar pontos icónicos e simbólicos que as longas caminhadas nos proporcionavam, como o Ministério para a Transição Ecológica que despertou a nossa atenção. Será para tachos, para taxar ou para realmente transitar? Yo no sé. Cruzámo-nos ainda com a equipa Produção e Consumo Sustentável. Uma equipa bem-disposta e bem composta.

O Guilherme, Tomás, Márcia e Flávia. Jovens talentosos com bastante criatividade que depois de se depararem numa manifestação, decidiram fazer cartazes e dar voz às causas climáticas. É o giro desta iniciativa, tornámo-nos amigos e mesmo separados por vezes por centenas de quilómetros não deixamos de interagir por um grupo de WhatsApp em que a capa é o protagonista do Braveheart. É aí que sabemos que a equipa Água, da Marília, Joana, Guilherme e do João vai de Vigo a Bilbau de carro elétrico cantando grandes hits de novelas da nossa infância. Nós apanhámos o comboio para Barcelona numa estação com vegetação no átrio principal. Nesta cidade charmosa da Catalunha ficámos na casa do Tiago, que descubro ser um especialista em papas de aveia, para além de ser um craque em ascensão em assuntos de sustentabilidade.

De manhã conhecemos a empresa onde trabalha e os seus patrões. Carlos e Rebeca são um casal amoroso que coloca a sua paixão ao serviço do planeta, prestando consultoria a empresas e à administração pública. A Sustainn tem o desafio de promover a economia circular, mostrando que qualquer processo e qualquer recurso não tem de ter um fim inútil, podendo ser reiniciado e reaproveitado num modelo que permite diminuir custos para as atividades e para a nossa casa comum. A conversa foi longa e muito interessante, aprendemos com pessoas que nos alertam para a complexidade dos assuntos tratados, pois no mundo da sustentabilidade nada tem apenas um vetor. Até com energias verdes temos que perceber o que fazer com materiais em fim de vida e que custo tem a sua reciclagem. Não bastam boas intenções, é preciso racionalidade nas escolhas. A tarde em Barcelona permite-nos não só saborear escassas tapas vegetarianas, opção que tomámos para a viagem e que não seguia no meu quotidiano, mas também para nos encontrarmos com alguns amigos. Quatro deles colegas de Direito que estão de passagem, a Mariana, colega do projeto de responsabilidade cívica Os 230 que vive com o namorado Sam na cidade, e o Pedro meu amigo do Colégio Militar que está a frequentar o CEMS, onde aborda com frequência a sustentabilidade nas suas cadeiras.

Já com estrelas no céu e na mão, perante a vista deslumbrante que os Bunkers abrigam, falamos todos sobre como se soube pensar o urbanismo e a mobilidade numa cidade que se percebe grande. De bicicleta chegamos melhor do que de carro a quase todos os lugares. Também se aposta na lógica de bairro, onde todos os serviços não deverão ficar a mais que 15 minutos de distância a pé ou de velocípede. São detalhes grandes que aumentam a qualidade de vida dos seus habitantes.

No dia seguinte partimos rumo a França. Paris é o destino com uma breve paragem em Montpellier para trocarmos do autocarro para o TGV, um meio eficiente e sustentável para viajar. Ao todo foram cerca de 8 horas de viagem. De carro seriam 14. De noite na capital francesa damos por nós presos no campus da cidade universitária. A solução foi-nos apresentada por duas jovens que nos ensinaram a trepar a vedação. Não há mesmo obstáculos que esta geração não consiga ultrapassar, sobretudo com cooperação. Do outro lado contamos o objetivo da nossa viagem às simpáticas adolescentes, ao que nos responderam com uma cara amorosa e palavras doces "obrigado pelo que estão a fazer".

Nós atrapalhados retorquimos que para a próxima serão elas a partir numa aventura semelhante. E talvez sejam. Não nos sentimos os melhores do mundo, até porque estes não vão de Barcelona a Paris. Sentimos que estamos a fazer algo com sentido, algo engraçado que não encontra grande sacrifício, e que as pessoas entendem. No hostel conhecemos além de franceses, pessoas da Guiana Francesa, Finlandesas que fizeram a sua primeira tatuagem em Portugal e uma filha de portugueses na receção. Esta aldeia global que se encontra num curto espaço serve de presságio para aquilo que iremos testemunhar na COP, um desfile de nações que também esperamos que adensem relações.

Equipa Energia em representação das equipas participantes no Climes to Go

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