A difícil relação entre os judeus e o império russo
No final do século XVIII, a imperatriz Catarina da Rússia criou a chamada Paliçada, uma zona de territórios adquiridos que correspondia a parte das actuais Ucrânia, Polónia, Lituânia e Bielorrússia. Os judeus podiam permanecer ali (tinham fugido do Ocidente nos três séculos anteriores), mas não podiam viver noutras zonas, restrição que se manteve até 1917. A Paliçada tinha mais de 10% de população judaica e foi fonte da grande emigração para a América. Era também uma relação opressiva: a palavra pogrom é russa. Os judeus russos chegaram a ser cinco milhões em 1900, metade do total mundial, e os seus intelectuais tiveram grande influência nas ideias revolucionárias. Por causa da opressão política e do anti-semitismo na Rússia imperial, os judeus tiveram presença desproporcionada no movimento comunista e na criação da União Soviética. O Holocausto teve especial ferocidade na Paliçada e causou a morte a dois milhões de judeus russos. O colapso da URSS levou à emigração 90% dos 2,5 milhões que ainda restavam em 1989.