A despedida de 'American Idol'. O fim de uma era?
Um terço daquilo que já foi. American Idol, que ao longo dos últimos 15 anos e 14 temporadas atingiu picos de audiência de 31 milhões de espectadores nos EUA, onde chegou a ser o programa mais visto naquele país e um dos mais exportados, foi acompanhado por 11 milhões na sua última edição, no ano passado, estando já de fora dos 25 formatos mais vistos pelos norte-americanos. O desinteresse do público ditou o fim do talent show exibido entre nós na SIC Caras e cuja 15.ª e última temporada se estreia esta noite na Fox.
A despedida do concurso apresentado por Ryan Seacrest e que ajudou a descobrir vozes como Kelly Clarkson, Adam Lambert e Carrie Underwood, está a ser encarada pelos críticos de TV como o início do fim da era dos concursos de música. A juntar-se ao exemplo da quebra de popularidade do formato que tem como mentores Jennifer Lopez, Harry Connick Jr. e Keith Urban estão outros.
Senão vejamos. A chegada do The X Factor aos EUA ficou aquém das expectativas. O concurso criado por Simon Cowell durou apenas temporadas, exibido entre 2011 e 2013 na Fox. Se a estreia foi vista por 12 milhões de norte-americanos, a última edição foi acompanhada por apenas metade.
O mesmo programa também tem perdido o interesse dos britânicos. No Reino Unido, o The X Factor chegou a ser visto por 14 milhões, tornando-se no concurso mais visto na TV, mas a estreia da última temporada, em 2015, registou a pior audiência da sua história. Além disso, e pela primeira vez no legado do formato, o single do vencedor não chegou ao top 10 de vendas no Reino Unido. Não será de estranhar que a ITV já tenha comprado à BBC os direitos de transmissão do The Voice, deixando antever que o The X Factor terá a sua última edição este ano.
"American Idol perdeu o seu mojo como evento semanal na cultura pop. Se já não consegue criar grandes estrelas e boas audiências, que mais há para oferecer?", questiona Jason Lipshutz, crítico da Billboard. Já James Poniewozik, do The New York Times, frisa: "American Idol mudou a forma se de criar uma popstar. As redes sociais mudaram as regras, dando aos músicos acesso direto ao público, de uma forma que o formato nunca conseguiria. Isso contribuíu para a sua queda".
O franchise holandês The Voice, de resto, tem sido o único que tem mantido, já na nona temporada, o seu público desde que chegou aos EUA, em 2011. O talent show com Adam Levine, Blake Shelton, Pharrell Williams e Gwen Stefani foi acompanhado em 2015 por 12 milhões, a mesma audiência que obteve com a primeira temporada.
O concurso que se notabilizou pelas Provas Cegas, é também em Portugal o concurso de música que registou maior audiência nos últimos dois anos. A terceira edição do The Voice Portugal, que termina domingo na RTP1, não só tem tido a melhor audiência do seu histórico, acompanhado por 1,120 milhões, como chegou a ser o terceiro tópico mais comentado no Twitter ao nível mundial e a vencer quase sempre o reality da TVI A Quinta.
Um aumento de público face às três últimas edições de concursos de música nas generalistas: Ídolos, exibido pela SIC em 2015, foi visto por 774 mil espectadores; Rising Star, a aposta da TVI em 2014, foi acompanhado por um milhão; e Factor X, transmitido pela SIC em 2014, ficou-se pelos 847 mil.