A criação de valor pelas Forças Armadas. Evidências da crise pandémica

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A pandemia da covid-19 criou desafios inéditos ao emprego das Forças Armadas no apoio ao bem-estar das populações, que obrigaram a ampliar as áreas de atuação e a inovar nas tarefas não-militares, fatores determinantes da criação de valor essencial à segurança sanitária dos portugueses.

As Forças Armadas asseguram a defesa militar e contribuem para a segurança nacional e internacional, no âmbito das suas tarefas militares. Para além disso, também prestam apoio ao desenvolvimento do país e ao bem-estar das populações, tarefas não-militares que, em função dos requisitos de cada situação, podem ser muito diversificadas e implicar a hábil exploração dos recursos, das capacidades e das competências operacionais, para o seu emprego em campos de atuação muito distintos do militar.

Embora esta conceção dual do emprego das Forças Armadas esteja plasmada na Lei de Defesa Nacional, há quem preconize que elas devem permanecer focadas nas tarefas militares. Quando isso se verifica, até pode acontecer que, durante períodos mais ou menos longos, não se sinta carência das suas ações. Porém, esta falsa sensação de segurança não resiste ao surgimento de uma ameaça grave ao bem-estar das populações. Nessa altura, tal como a pandemia da Covid-19 tem demonstrado, as Forças Armadas são indispensáveis para, face aos desafios insólitos de uma situação nova, complexa e em permanente mudança, disponibilizarem, de forma ágil, flexível e resiliente, produtos e serviços essenciais à mitigação de prejuízos de gravidade variável.

Em março de 2020 tornou-se claro que o país ia enfrentar uma crise sanitária séria, onde vários órgãos públicos teriam uma função determinante na proteção dos cidadãos. Conscientes desta realidade, as Forças Armadas foram preparadas para atuarem em áreas muito distintas da militar, atendendo às necessidades mais prementes dos Ministérios da Saúde, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e da Educação. Para além disso, em função das carências identificadas, as tarefas não-militares foram muito diversificadas, entre outras, para: produzir gel desinfetante e medicamentos; transportar doentes e material essencial; receber, no Hospital das Forças Armadas, pacientes oriundos dos hospitais civis e de lares; disponibilizar equipas de planeadores, para colaborarem na gestão de camas hospitalares e no plano nacional de vacinação; realizar ações de sensibilização sobre higienização de espaços escolares e lares; apoiar o rastreio das infeções; e colaborar na vacinação.

Na realização destas tarefas a tutela política e as chefias militares têm dedicado especial atenção à liderança, à mobilização e à motivação de quem serve nas Forças Armadas, para que o seu contributo seja pró-ativo, coeso e solidário. Também têm cuidado da apresentação pública dos resultados alcançados, para que o país conheça os serviços prestados a entidades e cidadãos.
A pandemia da Covid-19 evidencia, novamente, que quando as Forças Armadas são empregues no apoio ao bem-estar das populações, os seus recursos, capacidades e competências operacionais, por estarem permanentemente prontos para as exigências do combate, podem ser rápida e eficazmente adaptados e empenhados em áreas de atuação da responsabilidade primária de outros ministérios, realizando múltiplas tarefas não-militares e criando, assim, um valor que corresponde aos benefícios securitários proporcionados aos portugueses.

Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas

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