A cozinha italiana no património da UNESCO
O Ministério da Agricultura, Soberania Alimentar e Florestas e o Ministério da Cultura da República Italiana lançaram, a 23 de março deste ano, a candidatura da cozinha italiana à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.
A cozinha italiana não é apenas um simples compêndio de alimentos ou receitas, mas um conjunto de práticas sociais e afetivas, hábitos e gestos que levam a considerar a preparação e o consumo de uma refeição como um momento de partilha e de convívio. É o ritual coletivo de um povo que concebe a comida como um elemento cultural de identidade.
A cozinha italiana é um património para 60 milhões de italianos que vivem no país, para 80 milhões de italianos e seus descendentes que vivem fora de Itália, mas também para uma numerosa comunidade de estrangeiros que amam e se inspiram no estilo de vida italiano.
Em Portugal, no ano passado, um milhão e meio de pessoas participaram na Semana da Cozinha Italiana no Mundo, organizada pela nossa embaixada em sinergia com os parceiros institucionais do Sistema Itália e uma série de entidades públicas e privadas portuguesas, que quiseram mostrar o seu apreço pela excelência do Made in Italy à mesa. A nossa cozinha é a soma de muitas artes que, na sua síntese perfeita, falam de um país extraordinariamente criativo, sempre capaz, em cada uma das suas manifestações culturais, de cativar a imaginação do mundo, através de uma excelência que deve ser absolutamente protegida, ao mesmo tempo que protegemos o ambiente que a gera.
A candidatura ao Património Imaterial da UNESCO sob o lema "A cozinha italiana entre a sustentabilidade e a diversidade biocultural", aprovada pelo Conselho Diretivo da Comissão Nacional Italiana da UNESCO, é promovida por três comunidades de enorme importância no contexto da nossa tradição culinária: a Academia Italiana de Cozinha, uma instituição cultural da República, fundada em 1953, que conta com mais de 80 filiais no estrangeiro; a Fundação Casa Artusi, fundada em 2007 com o objetivo de promover a "cozinha artesanal italiana", tal como foi declinada por Pellegrino Artusi desde a segunda metade do século XIX; e a revista La Cucina Italiana, fundada em 1929, a mais antiga revista gastronómica do mundo ainda presente nas bancas.
Além de Itália, a candidatura foi apresentada em Nova Iorque, Londres, Barcelona, Madrid e Vigo, Doha e Chicago. Tenho hoje a honra de a apresentar em Lisboa, no âmbito da 8.ª edição da Semana da Cozinha Italiana no Mundo, que decorre de 13 a 19 de novembro. Confirmando o empenho do Governo italiano na promoção do nosso património enogastronómico, recebemos hoje em Lisboa a visita do Secretário de Estado para a Agricultura, Soberania Alimentar e Florestas, senador Patrizio Giacomo La Pietra, que entregará um reconhecimento oficial aos cozinheiros de dois restaurantes italianos recentemente implantados em Portugal, representando neste gesto o apoio aos profissionais de um setor caracterizado por extrema vitalidade e constante evolução.
Reconhecer o excecional valor da nossa cozinha é um instrumento fundamental para o crescimento económico e para a promoção de um modelo que não é apenas alimentar, mas também cultural, como recordou na abertura desta Semana o vice-primeiro ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros da República Italiana, Antonio Tajani. E é também uma oportunidade para promover a Dieta Mediterrânica, enquanto parte da nossa identidade. Uma identidade que também partilhamos com Portugal.
Embaixador de Itália em Portugal