A consola que o deixa levar (quase todos) os jogos do PC para qualquer lado
Após vários adiamentos, a prometida consola de jogos portátil mais poderosa de sempre já começou a chegar às mãos de que quem fez as primeiras pré-reservas. E já é possível ter uma ideia se a Valve, a empresa por trás da popular plataforma de jogos para PC Steam, realizou o que anunciara ainda no ano passado: um aparelho estilo Nitendo Switch, mas capaz de correr, com uma qualidade quase máxima, os mais poderosos jogos para computador.
Em grande medida a promessa até foi cumprida, ao que tudo indica. Ainda que, por outro lado, a Steam Deck seja lançada mais como um produto em desenvolvimento do que um aparelho acabado. Mas também, isso mesmo é algo que os mais avançados utilizadores de PC (como o são normalmente os gamers nestas máquinas) já estão mais ou menos habituados.
Aliás, a maioria provavelmente até prefere assim... A liberdade de alterar configurações e experimentar definições diferentes é precisamente um dos atrativos dos jogos no PC comparativamente com as consolas de última geração. Mesmo com o trabalho - e por vezes incompatibilidades inesperadas - que isso acarreta.
Até porque a Stem Deck é de facto um pequeno PC metido numa caixa de consola portátil. Inclui um ecrã tátil de 7 polegadas, com uma resolução de 1280 x 800 e um refrescamento de 60Hz. Não são números extraordinários, muito pelo contrário, mas houve que fazer compromissos para manter uma boa performance e tentar assegurar uma autonomia minimamente aceitável da bateria.
Aliás - e mais vale tirar já este "elefante" do caminho - este é mesmo o pior fator do sistema. A Valve fala em duas horas de autonomia e, "no mundo real", com jogos muito exigentes, será mais expectável qualquer coisa como uma hora e meia...
No interior, está um processador AMD Zen 2, de quatro cores, com uma velocidade entre os 2,4 e os 3,5GHz (até 448 GFlops FP32). O sistema gráfico é uma AMD RDNA 2 (até 1.6 TFlops FP32) e a memória RAM são 16 GB LPDDR5. A grande maioria dos computadores de secretária não tem este hardware. Nem pesam os 669 gramas anunciados, já agora...
A Steam Deck vende-se em três configurações de "disco" 64GB eMMC (420 euros); 256GB NVMe SSD (550 euros) ou 512GB NVMe SSD (680 euros). Existe ainda uma slot para cartão microSD, para expandir a capacidade de armazenamento.
Quanto às ligações com o exterior, além da porta USB-C, encontramos o normal Wi-Fi 5 e Bluetooth 5. Não existe suporte para internet móvel (e muito menos 5G), o que é uma pena.
Tendo falhado a primeira data de lançamento prevista, o passado dia 1 de dezembro, a Valve começou a enviar as primeiras unidades para os clientes a 25 de fevereiro. Mesmo assim, está a ser um lançamento lento, dado que o mercado mundial continua a atravessar uma crise na manufatura de chips. Tanto que as encomendas feitas agora só têm data de entrega prevista para outubro.
No início de março foi anunciado que o número de jogos "verificados" como totalmente compatíveis com o aparelho chegava aos mil. Parece muito, mas é apenas um décimo do total de títulos existentes na plataforma Steam, entre produtos de grandes estúdios e produções independentes. O que não quer dizer que muitos outros não funcionem: simplesmente ainda não houve tempo para os testar.
Outros que para já não funcionam poderão vir a correr com uma atualização de software, que têm acontecido com frequência.
De origem, a Steam Deck traz como sistema operativo Linux, modificado, a que a Valve chama SteamOS 3.0. No entanto, é possível instalar Windows 11 no aparelho - e os drivers (controladores) oficiais para o hardware foram já lançados. Por enquanto não é possível configurar dual boot (ficar com os dois sistemas operativos e escolher um no arranque), mas tal deverá ser possível em breve. Tal como mencionado, o sistema está em permanente desenvolvimento.
A opção pelo WIndows terá a vantagem de abrir a Steam Deck a mais jogos ainda, tanto dos estúdios que não publicam na plataforma da Valve (caso da Ubisoft ou da Activision Blizzard), bem como aos dos serviços da Xbox, da Microsoft.
Pensamos, nomeadamente, no serviço Game Pass, a subscrição mensal que permite jogar sem comprar o título. Um tipo de negócio que a Steam continua em não apostar, mas que faz ainda mas sentido num aparelho portátil como a Steam Deck. Mais uma razão para pensar em apostar neste computador de bolso que o jornal britânico Independent chama, sem hesitações, "revolucionário".
Tal como acontece com a Nintendo Switch, a Steam Deck há de ter (espera-se que à venda antes do verão) uma docking station para a ligar a um televisor ou monitor. Só que, ao contrário do que acontece com a proposta japonesa, a resolução nativa enviada não se altera, pelo que não espere uma imagem de altíssima definição ao ligar ao seu TV 4k. Haverá no entanto suporte para teclado e rato, ao usar esta base, o que é importante para certos jogos.