A Chuva beNdita que inunda a Índia

Publicado a
Atualizado a

Quando a Primavera se aproxima do fim, na Índia, e as temperaturas sobem até aos 40 graus, "a natureza parece parada no tempo", escreveu o contista Shantipriya. "O ar é fogo e as folhas estão completamente imóveis como se tivessem deixado de respirar. Mas há uma sensação de antecipação."

Os indianos sabem que o bafo quente e sufocante subirá e puxará para si o ar frio e húmido do oceano. Quando os dois chocarem, o céu vai escurecer, o vento vai soprar e depois a chuva começará a cair. As monções terão chegado.

"Os ventos sopram impetuosos, fazendo balançar tudo no seu caminho... Os rios correm, as flores desabrocham a celebrar a chuva, enquanto o mundo se transforma sob o seu feitiço," escreveu Shantipriya.

Este ano, a chuva chegou mais cedo do que o normal. As primeiras gotas caíram no estado de Kerala, no Sul, a 23 de Maio. A 3 de Julho, 12 dias antes do previsto, as monções cobriam todo o território e assim continuarão até Setembro. Quando desaparecerem, a Índia entra na estação fria.

Pensa-se que a palavra monsoon - que se refere ao vento sazonal - vem da portuguesa monção. Por sua vez, o termo partiu do mausaim, da língua árabe, que significa a "estação de peregrinação a Meca".

Aos olhos dos ocidentais, que ouvem as notícias de mortos e inundações, monção soa a nome de tempestade. Mas para os indianos ela é ben-dita. As monções trazem 90% da chuva que cai num ano na Índia. Sem essa água, as culturas secavam e mil milhões de indianos passariam fome.

"Com as suas chuvas criadoras de vida e as suas tempestades violentas, as monções são uma bênção dúplice: extravagantes, imprevisíveis e, profundamente, indianas", escreveu Shantipriya.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt