A cada um a sua Barbie (e Ken) 

Há várias Barbies em <em>Barbie</em>, algumas delas parte integrante da evolução da boneca ao longo do tempo. Eis um pouco da sua história.
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Foi em março de 1959 que uma figurinha de plástico, adornada com um maiô às riscas pretas e brancas, invadiu o mercado de brinquedos americano. Esta criação de Ruth Handler (cofundadora, com o marido, da empresa Mattel) surgia como uma alternativa ao modelo antiquado de brinquedos "para meninas", segundo o qual a lógica única seria brincar às mães... Handler concebeu então a boneca Barbara Millicent Roberts para transmitir à sua própria filha a ideia de que, afinal, as meninas podem sonhar com outras coisas para além da maternidade. Com pernas longas, 11 polegadas, lábios vermelhos, cabelo louro com rabo de cavalo e óculos de sol sexy, Barbie tornou-se a primeira boneca de padrão adulto produzida em massa nos Estados Unidos, ditando um novo conceito na indústria do brinquedo.

Num espirituoso gesto de cinefilia, que o espectador identificará, Greta Gerwig ilustra esse momento inaugural no filme: a Barbie aparece como um monólito no cenário pré-histórico das brincadeiras infantis. Com o rosto e corpo de Margot Robbie, esta boneca está pronta para mudar a história enquanto nº 1 de uma série de modelos que foram dando expressão à Barbielândia. Aqui ficam alguns deles:

Criado dois anos depois da Barbie, o seu namorado loiro, Ken Carson, parece existir apenas como "complemento" da boneca - essa é uma questão levantada pelo filme. Na interpretação brilhante de Ryan Gosling, esta é uma personagem que se repercute em Kens de diferentes fisionomias, todos eles mais ou menos à procura de um propósito de vida (ao contrário das Barbies, que são autossuficientes).

É provável que poucos se lembrem desta Barbie. Midge surgiu em 1963, foi descontinuada em 1967 e voltou no final dos anos 1980, ainda que tenha causado controvérsia por se tratar de uma boneca grávida... De cabelo ruivo, Emerald Fennell dá vida a esta amiga da Barbie original, que ainda no início do ano teve direito a um relançamento, com novo modelo, na Convenção Nacional de Colecionadores de Bonecas Barbie.

Se a Barbie precisava de uma amiga, o Ken também. Allan, "nascido" em 1964, vem cumprir essa função, mais tarde casando-se com Midge, para compor o ramalhete - mas esta é a história da Mattel. No filme, ele é Michael Cera, de cabelo castanho acobreado e camisa às riscas coloridas, como a versão vintage do boneco. O ator veste esta pele de plástico com a desorientação certa de quem não encaixa no universo masculino do Ken.

Talvez tenha sido a partir da Barbie Médica que a Mattel percebeu a importância das bonecas representativas das mulheres de carreira (e há várias no filme, desde cientistas a autoras premiadas). Apareceu em 1973, com uma bata e máscara cirúrgica, mas a atriz Hari Nef dá-nos o seu lado cor-de-rosa reluzente.

Desde 1992 que a Barbie é candidata a presidente dos EUA. Nesse ano, a boneca vinha com um vestido patriótico para o baile de tomada de posse e um fato de saia justa para o exercício das suas funções na Sala Oval. Em 2004 já trocava a saia por umas calças, em 2016 surgiu um modelo conjunto de presidente e vice-presidente, e durante a campanha eleitoral de 2020 a Mattel lançou uma equipa de quatro bonecas, com uma candidata negra. Ora bem: no filme, Issa Rae é uma inspiradora President Barbie.

Há uma Barbie fora do baralho interpretada pela comediante Kate McKinnon que é uma espécie de modelo universal da boneca trucidada pelas crianças criativas... Chama-se Weird Barbie e poderá trazer muitas memórias comuns às espectadoras.

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