A busca para encontrar o sangue raro que pode salvar Zainab

Bebé de dois anos da Flórida tem um cancro agressivo e precisa de encontrar dez dadores para conseguir sobreviver aos tratamentos, mas o seu sangue é dos mais raros do mundo
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Os pais de Zainab Mughal receberam em setembro "a pior notícia que podiam esperar": a bebé de dois anos, descendente de paquistaneses mas a viver nos Estados Unidos da América, tem um neuroblastoma, um cancro muito agressivo e dos mais comuns em crianças. De lá para cá, Zainab submeteu-se a tratamentos com quimioterapia que já diminuíram o tumor e ainda deve precisar de fazer dois transplantes de medula óssea. Mas os tratamentos podem todos ser em vão se os médicos não conseguirem encontrar um elemento vital para a sua sobrevivência, sangue. Zainab Mughal tem um tipo de sangue extremamente raro, o que já motivou uma verdadeira corrida global contra o tempo para encontrar dadores compatíveis.

Os critérios são, logo à partida, muito apertados: os dadores têm de ser exclusivamente e 100% paquistaneses, indianos ou iranianos e ter um tipo de sangue 'O' ou 'A'. Mas a juntar a isso, há ainda uma outra grande dificuldade. As células sanguíneas de Zainab não têm um antígeno - substância que leva à formação de um anticorpo - que é comum à maioria das pessoas, o B Indiano (Inb). Ou seja, é preciso que os dadores também não tenham esse antígeno ou o corpo da criança vai rejeitar o sangue, mas calcula-se que apenas 4% dos grupos que podiam ajudar Zainab não tenham o antígeno Inb.

A busca está a ser encabeçada pela OneBlood, um centro de recolha de sangue norte-americano, que até agora encontrou apenas três dadores compatíveis - um deles no Reino Unido - entre mil amostras testadas. A questão é que a criança precisa de dez dadores para conseguir aguentar os tratamentos.

"Este sangue é tão raro que é a primeira vez que vejo um caso deste em mais de 20 anos nesta profissão", conta Frieda Bright, chefe de laboratório da OneBlood. Zainab está a ser acompanhada no Memorial Regional Hospital de Hollywood, da Flórida, onde reside, e este "sangue não a vai curar, mas é muito importante para que consiga sobreviver aos tratamentos", acrescenta Frieda Bright. "A vida da minha filha depende de se encontrar este sangue", sublinha à BBC o pai de Zainab, Raheel Mughal, que, como o resto da família, não tem um tipo de sangue compatível com o da criança.

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