A Brasileira do Porto de novo de portas abertas

O histórico local, na baixa portuense, reabriu. Além do tradicional café, serve pequenos-almoços e refeições ligeiras ao longo do dia.
Publicado a
Atualizado a

A Cafetaria A Brasileira, na rua Sá da Bandeira, no Porto, está de novo aberta ao público, permitindo desfrutar da sua arquitetura única e dos seus cafés como no momento em que foi fundada em 1903 por Adriano Teles, um emigrante de Arouca que fez fortuna no Brasil, em Minas Gerais, e, de regresso, quis introduzir em Portugal o costume de beber café fora de casa. Durante anos, diz a história da casa, quem comprava um saco de café moído recebia uma chávena desta bebida feita na hora e recebia um folheto onde se explicava como devia ser preparada.

Agora detida pelo grupo Pestana, que lhe acrescentou em 2018 um hotel no edifício e retomou o papel de cafetaria histórica do Porto, na zona classificada que é a baixa da cidade, a Brasileira volta a centrar-se na sua história de mais de um século. Disponibiliza uma seleção de patisserie e tem uma carta renovada com refeições ligeiras disponíveis ao longo do dia. A acompanhar os cafés, com assinatura Vernazza, e os chás Compagnie Coloniale, servidos quentes ou frios.

Treze anos depois da inauguração da casa, e como o negócio se revelava um sucesso, Adriano Teles decide ampliar o espaço, criando uma sala especialmente dedicada a degustar o café, o que era uma novidade na época e, em pouco tempo, local de passagem da elite portuense. Adriano Teles expande o negócio para Lisboa, Braga e até Espanha.

Com o passar do tempo foram separadas a sala de café da zona onde vendia os grãos acabados de moer, atividades que hoje voltam a estar juntas. Quem bebe os cafés da Brasileira pode levá-los para casa.

Em 1920, a cafetaria A Brasileira reabre portas com uma decoração luxuosa semelhante à que hoje se pode ver hoje com mármores, superfícies espelhadas e tetos trabalhados. Pela cidade espalha-se o slogan: "O melhor café é o da Brasileira".

O projeto da cafetaria A Brasileira é do arquiteto portuense Francisco de Oliveira Ferreira (1884-1957), discípulo de Marques da Silva e José Teixeira Lopes (com quem aliás trabalhou). Além da cafetaria A Brasileira, projetou a câmara municipal de Gaia e o Sanatório Marítimo do Norte.

A Brasileira torna-se ponto de encontro da vida cultural da cidade até começar a perder o fôlego e encerrar em 1990. Manteve-se encerrado, e em processo de degradação, até 2003 quando a multinacional Caffé di Roma abre aqui uma das suas lojas. Este não seria o fim da história. Cerca de uma década depois, fechou portas e em 2015 o edifício foi assaltado e foram levas peças fundamentais da sua decoração. Após um processo de requalificação, abriu de novo as portas em 2018. Em vez ser a cafetaria que nasce com o hotel, foi o hotel que nasceu com a cafetaria. Neste caso, no gaveto entre a Rua Sá da Bandeira e a Rua do Bonjardim.

A tábua de pequeno-almoço, servida entre as 08:00 e as 11:00, é composta de pão, croissants, queijos e fumados, compota do dia e ovos mexidos, acompanhados de sumo de laranja natural, café ou chá. Entre as 12:00 e até as 16:00, a carta concentra-se em refeições ligeiras - bagel com salmão, tosta de abacate, saladas de camarão ou de queijo fresco e prego no pão. Estão tão disponíveis taças de arroz e quinoa. A qualquer hora podem servidos waffles e panquecas (doces ou salgadas).

Lembrando o dia de abertura - aquele 4 de maio de 1903 - foi criado um bolo que pode ser degustado na cafetaria A Brasileira, cuja receita se mantém original: frutos secos, damasco, cenoura, canela e limão e nada de açúcar.

Cafetaria A Brasileira
Rua Sá da Bandeira, 91, Porto
Aberta todos os dias das 8:00 às 19:30.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt