A ARCO chegou a Lisboa. "Não podemos voltar a falhar!"

A Feira Internacional de Arte Contemporânea escolheu Portugal como a sua primeira experiência fora de Espanha. Abre portas no dia 25
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"A ARCOlisboa e Portugal têm um grande potencial artístico. Acho que vocês não têm consciência da quantidade de artistas [portugueses] que têm saída lá fora", diz ao DN Carlos Urroz, diretor da ARCO, a Feira Internacional de Arte Contemporânea que, pela primeira vez em 35 anos de história, sai de Espanha, escolhendo Lisboa como primeiro satélite.

Estávamos na conferência de apresentação da ARCOlisboa, que inaugura no próximo dia 25 e, de 26 a 29, abrirá ao público mais do que as portas da Cordoaria Nacional, onde estarão as 45 galerias de oito diferentes países (18 delas portuguesas). Na verdade, é também a arte portuguesa que se mostra ao público e aos cerca de cem colecionadores, curadores ou diretores de instituições internacionais. Por isso, Urroz - que até aqui conhecíamos como diretor da ARCOMadrid - declarava perante uma plateia de jornalistas, de galeristas e colecionadores que esta "será uma oportunidade para a internacionalização da arte portuguesa".

Ao lado de Urroz, na manhã de ontem no Teatro São Luiz, em Lisboa, estavam a galerista Cristina Guerra, membro do comité organizador da ARCOlisboa, e a presidente da EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, de Lisboa) Joana Gomes Cardoso. Guerra, cuja galeria estará presente na Cordoaria, falava no seu tom incisivo e sintético. "As feiras de arte contemporânea começam e acabam mal em Portugal. Com a organização da ARCO desejo que seja diferente, e que tenha continuidade", disse, manifestando esperança em que "consigamos entrar nessa onda", e que a ARCOlisboa traga mudanças. Entre elas, mudanças na atual lei do mecenato, na força de Portugal - e Península Ibérica - dentro do mercado global da arte, e na presença de arte contemporânea nos museus portugueses - "os estrangeiros só têm um lugar para a ver: as galerias."

"A ARCO é uma organização incrível", notou ainda a galerista, lançando o repto: "Espero que tenhamos consciência de que não podemos voltar a falhar!" Urroz, por seu turno, parece seguro na iniciativa deste ano, que tem um orçamento de um milhão de euros, reunidos com apoio do Ministério da Cultura, da Câmara Municipal de Lisboa e, entre outros, da EGEAC.

"Confiamos poder anunciar a ARCOlisboa 2017, embora tenhamos de fazer uma avaliação" no final desta primeira edição, explicou o diretor da ARCOlisboa.

A programação é vasta, mas é possível não perder o fio à meada. À semelhança do que acontece na ARCOMadrid, as galerias selecionadas para a feira terão um artista destacado. Assim, e se para tudo o resto formos às cegas, é possível saber que encontraremos obras de Carlos Nogueira no stand da galeria 3+1, como de Lawrence Weiner na Cristina Guerra. A dupla João Maria Gusmão + Pedro Paiva, por exemplo, estará em destaque na galeria Graça Brandão; assim como, para nomear mais um entre os 45, Vasco Araújo estará na Horrach Moya.

A ARCO também será feita de fóruns que pensam as instituições, os colecionadores e demais panorama artístico. Por isso será possível escutar Suzanne Cotter, diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Pedro Gadanho, diretor do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) - que abrirá portas em outubro -, ou Hans Ulrich Obrist, diretor artístico da londrina Serpentine Gallery.

Fora da Cordoaria, há exposições a visitar no Museu Coleção Berardo ou em galerias como a Chiado 8. Fica o destaque para artistas como Francisco Tropa ou João Maria Gusmão + Pedro Paiva, para ajudar ao caso do colecionador José Lima, dono de uma das mais importantes coleções de arte em Portugal, que, hiperbolizando ou não, ontem dizia: "Julgo que este é o primeiro passo para internacionalizar a arte portuguesa."

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