A alma chegou tarde para ultrapassar um Atlético mortífero

O Benfica acaba a fase de grupos em 2.º lugar após perder em casa com os colchoneros. Um castigo para quem pensou no empate
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Cá se fazem, cá se pagam. Esta pode ser a conclusão a tirar do jogo de ontem no Estádio da Luz, em que o Atlético de Madrid venceu o Benfica por 2-1, o mesmo resultado com que os encarnados venceram no Vicente Calderón.

Um desaire que remete a equipa de Rui Vitória para o segundo lugar do grupo C, ficando agora à mercê de apanhar nos oitavos-de-final alguns dos principais tubarões da Europa, como Bayern Munique, Barcelona ou Real Madrid. As outras opções são Manchester City, Wolfsburgo e Zenit, faltando apenas saber o nome de um possível adversário, que poderá ser o Chelsea ou o Dínamo Kiev, uma vez que em caso de apuramento o FC Porto não poderá ser adversário dos encarnados.

A sétima derrota do Benfica em 20 jogos nesta época acabou por ser previsível face à estratégia de Rui Vitória, que teve o empate no pensamento. Só que desta vez Diego Simeone estava avisado...

O treinador encarnado abordou esta partida como o fez no jogo em Madrid, dando a iniciativa aos espanhóis, procurando depois surpreender em rápidas transições para o ataque. Só que desta vez o Atlético tapou bem a principal fonte de fornecimento atacante do Benfica: Gaitán, pois claro. O argentino acabou por passar quase ao lado do jogo, o que se refletiu no facto de, durante o primeiro tempo, Oblak - muito assobiado no regresso à Luz - não ter sido incomodado.

O Atlético de Madrid, a precisar de vencer para ficar em primeiro lugar, assumiu as despesas da partida, funcionando como um bloco compacto em que as três unidades da frente - Carrasco, Vietto e Griezmann - procuravam desequilíbrios constantes por serem jogadores muito móveis e imprevisíveis. Júlio César acabou por adiar o primeiro golo dos espanhóis ao parar remates de Saúl Ñíguez e Gabi, mas nada pode fazer numa excelente jogada entre Griezmann e Vietto, que deixou Ñíguez à vontade para abrir o marcador.

O Benfica tinha dificuldades em construir as suas jogadas a partir de trás, pois muitas vezes era miúdo Renato Sanches (mais uma boa exibição) a ter de assumir sozinho essa missão, uma vez que Fejsa, muito preocupado em proteger a defesa, não o fazia e Jonas poucas vezes vinha atrás ajudar. Este facto impediu um Benfica com maior segurança no passe quando passava o meio-campo. Era por isso necessário alguém com capacidade de transportar a bola e, nesse capítulo, Samaris (estava no banco) seria o homem indicado. No entanto, Rui Vitória não entendeu assim, optando (e bem) pela entrada de Mitroglou, pois era preciso presença na área.

E a verdade é que no primeiro minuto da segunda parte o grego quase fez o empate. Contudo, o jogo dos encarnados continuava emperrado perante a simplicidade com que o Atlético saía para o ataque, como prova a jogada do segundo golo, em que Carrasco aproveitou o espaço concedido nas costas de André Almeida para cruzar rasteiro para Vietto marcar.

Mitroglou deu esperança

A perder por 2-0, Rui Vitória arriscou tudo ao colocar Raúl Jiménez no lugar do ineficaz Jonas. O Benfica ganhou mais poder de remate na frente, mas continuava a precisar de maior organização no ataque. Foi então que Diego Simeone tirou Vietto, o seu jogador mais irrequieto e imprevisível, para colocar Fernando Torres, muito mais estático, e que ficou à mercê da defesa encarnada, onde se destacava um grande Lisandro López.

O Benfica empurrou o Atlético para o seu meio-campo num apelo à alma da equipa, à qual respondeu Renato Sanches com uma meia hora eletrizante. O miúdo de 18 anos, mais liberto de marcações, pegou no jogo e mostrou os seus dotes técnicos e velocidade.

A esperança benfiquista renasceu quando Mitroglou rematou à meia volta, após passe de Raúl Jiménez, batendo Oblak. A equipa de Rui Vitória reentrava na discussão do resultado... o empate dava acesso ao primeiro lugar. O Atlético deixou de conseguir sair para o ataque e a entrada de Carcela encostou ainda mais os espanhóis à sua defesa. O marroquino esteve muito perto de se tornar a chave do jogo, quando aos 84 minutos tirou um cruzamento com as medidas certas para a cabeça de Raúl Jiménez, mas a bola saiu ao lado quando já se gritava golo na Luz.

O Benfica acabou por perder, mas o jogo mostrou que se Rui Vitória tivesse optado por uma estratégia própria de quem joga em casa talvez tivesse surpreendido o Atlético. Assim, fica à mercê dos grandes tubarões europeus.

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