A actriz que também quer ser cantora
Em 2003 tudo mudou para Scarlett Johansson. Nesse ano protagonizou o segundo filme de Sofia Coppola, O Amor É Um Lugar Estranho, e de um momento para o outro tornou-se estrela entre o público indie. A sua interpretação de Charlotte, uma jovem norte-americana, mulher de um fotógrafo viciado em trabalho, que se vê sozinha em Tóquio, despertou a atenção do público e da crítica para uma actriz que até então tinha passado algo despercebida.
Foi exactamente neste filme que o mundo ouviu pela primeira vez Scarlett Johansson a dar provas dos seus dotes musicais. Uma das cenas míticas do filme mostra a actriz a cantar, num karaoke, o tema Brass in Pocket, dos Pretenders, ao lado de Bill Murray. E a partir de então os projectos musicais foram-se sucedendo até ao mais recente disco, dividido a meias com Pete Yorn, e que dá pelo nome Break Up.
O conceito para este álbum surgiu quando Pete Yorn teve a ideia de gravar um disco de duetos inspirados nos que Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot celebraram em dois álbuns, Bonnie and Clyde e Initials B.B., ambos de 1968. Não demorou muito para que Yorn encontrasse em Johansson a sua Bardot. No entanto, ao contrário dos artistas franceses, que na altura em que gravaram os duetos mantiveram um caso amoroso, entre Scarlett e Pete Yorn apenas há amizade, segundo afirmam os próprios. Isto reflecte-se claramente em Break Up, que não contém a mesma carga de sensualidade e sedução que os duetos que os inspiraram.
Mas esta foi apenas a mais recente experiência musical de Scarlett Johansson. A própria chegou a afirmar que, inicialmente, quis ser actriz apenas para participar em peças de teatro musical.
As suas referências passam por nomes como Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra e David Bowie. Com este último chegou a partilhar não só o grande ecrã, no filme O Terceiro Passo (2006), mas também momentos em estúdio, enquanto gravava o disco Anywhere I Lay My Head (2008), composto por dez versões de canções de Tom Waits e um original. Produzido por David Sitek (dos TV On the Radio), no disco Scarlett contou não só com a participação de Bowie nos coros de dois temas, mas também com membros dos próprios TV On the Radio e Yeah Yeah Yeahs. No entanto a crítica não recebeu de braços abertos esta primeira experiência em disco da actriz.
Mas esta não se deixou abater, e no início deste ano gravou uma versão de Last Goodbye de Jeff Buckley para a banda sonora do filme Ele não Está assim tão Interessado, que contou com a participação da actriz.
A sua devoção pelos standards levaram-na em 2006 a gravar uma versão do histórico Summertime, de Gershwin, para o disco de beneficência Unexpected Dreams - Songs from the Stars. Um ano depois foi convidada pelos Jesus and Mary Chain para com eles cantar Just Like Honey no concerto de regresso do grupo, no palco do Festival Coachella.
Apesar de todas as críticas de que é alvo, a música é cada vez mais uma aposta na carreira de Scarlett Johansson.