A nova 'estrela' da direcção laranja tem dois 'hobbies': política e PSD.Chama-se Paula Carloto de Castro, tem 44 anos. Numa equipa que só tem mais uma mulher (Zita Seabra), Paula é a grande novidade na Comissão Política Nacional do PSD saída de Torres Vedras. Mas, embora desconhecida para muitos, não anda na política há pouco tempo. Aos 15 anos, entrou para a JSD. Já foi vereadora e deputada. Quem não a conhece vai conhecê-la. E ficar a saber que não tem papas na língua..A gestora de Santarém tem uma filha "natural" de oito anos e já abriu um processo para ter "um filho do coração", como lhe chama. A adopção é uma das suas batalhas: quando foi deputada deu impulso à legislação portuguesa sobre a matéria, trabalhando com um grupo de notáveis, incluindo a ex-ministra Leonor Beleza..Licenciada em Direito na Católica, pertenceu ao curso de 1982-87, onde se destacaram Rui Medeiros, professor de Direito Constitucional, a advogada Gabriela Rodrigues Martins e João Xara-Brasil, administrador na área da comunicação social e da edição. Mas o primeiro emprego não foi a advogar: Paula entrou, recém-licenciada, para a Câmara de Lisboa, onde integrou o Gabinete Técnico da Mouraria, encarregado da reconversão da zona - estava-se no final do mandato de Krus Abecasis. Passa depois a consultora e abre uma sociedade de advogados no Entroncamento. As duas experiências irão servir-lhe para outros voos, em particular os autárquicos..Pelo meio, foi assessora no Governo de Cavaco Silva. De 1992 a 1995 integra o gabinete de Maria do Céu Ramos, secretária de Estado da Juventude. A experiência é gratificante e lá conhece um ministro de seu nome... Marques Mendes. "Fiquei com boa impressão. Acho que 'ministerialmente' foi bom, e até depois, como ministro dos Assuntos Parlamentares", diz ao DN Paula Carloto sobre o homem que Luís Filipe Menezes derrotou há pouco nas directas. .A advogada de barra, fica de lado outra vez quando entra para a Portucel (onde ainda é quadro, mas com licença) em 1998. Lá é assistente jurídica directa do Conselho de Administração da SGPS. Depois de acompanhar a aquisição da Soporcel, torna-se, "com 29 ou 30 anos", a mais jovem mulher do País a concorrer a uma câmara. É no Entroncamento que perde para o PS e que se fixa como vereadora do PSD, abrindo caminho a uma vitória que viria anos mais tarde, com outros rostos. Desse tempo guarda a boa recordação do dia em que se "atreveu" a ir às oficinas da CP. O encargo era pouco normal para uma mulher, sobretudo do PSD. "Fui muito bem recebida", conta hoje em dia com graça..A vereadora aventureira leva o mandato até ao fim e nas autárquicas seguintes concorre de novo, só que para a Assembleia Municipal. Chega a presidente da AM, com uma câmara que volta a ser do PS. Reza a história que o entendimento acabou por ser um misto de "amor-ódio"..O passo seguinte na política acaba por ser a entrada na Assembleia da República, em dois períodos distintos e sempre como deputada-substituta de Ribeiro dos Santos. Quando este vai para o Instituto das Estradas de Portugal, Paula toma-lhe o lugar na AR. E toma o gosto. Durante o Governo de Durão Barroso acaba por estar quase dois anos e meio no Parlamento. Integra várias comissões, chega tarde a casa. Faz horas extraordinárias e dedica-se àquilo que é o seu hobby confesso: "A política e o PSD.".Ao deixar a AR vai para vogal do Conselho de Administração do Instituto Nacional dos Transportes Ferroviários. A seguir, na mesma área, chega a administradora da Ferconsult, uma empresa detida a 100% pelo Metro de Lisboa. Em Janeiro deste ano sai para se dedicar, também a 100%, às empresas da família na área da arquitectura e engenharia. Com esta vida, o mestrado em Ciência Política na Lusófona fica irremediavelmente pela parte curricular. Os afazeres e sobretudo a política não lhe dão o mesmo espaço que os dias de recém-licenciada, que ainda lhe permitiram concluir uma pós-graduação em Direito na Católica. .A jovem dirigente do PSD conhece Luís Filipe Menezes há alguns anos. Foi sua apoiante no congresso de Pombal. "Já conhecia o dr. Menezes há anos. Gosto da maneira como faz política, da sinceridade e da convicção que põe em tudo o que faz. Ele é diferente, não tem um discurso balofo e pré-feito", diz ao DN. Como se imagina, as novas funções vão deixá- -la ainda com menos tempo para a filha "natural", para o "filho do coração" que aí vem, para o companheiro e para os três cães: o Pantufa, um rafeiro do Alentejo, e dois "rafeiros-rafeiros" a que chamou Durie e Flush. Com casa em Lisboa e na Barquinha, só lamenta ter pouco tempo para "voltar a aprender" a tocar piano. E para jogar o ténis que deixou de praticar em miúda, quando se distraía no CDUL. Com mais isso, seria "realizada na vida".