7 Dias, 7 Propostas por Isabel Alçada

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1. Nas Alturas
Treetop Walk
Parque da Fundação de serralves
Porto
Domingo, 9 de maio


É um passeio que não se deve perder. Num passadiço que o arquiteto Carlos Castanheira desenhou para o parque da Fundação de Serralves, e aproveitando os desníveis do terreno, é possível fazer um passeio ao nível das copas das árvores Uma vez por lá, é de aproveitar para ir ver a exposição de mais de cem fotografias do arquivo pessoal do realizador Manoel de Oliveira (1908-2015), produzidas entre finais de 1930 e meados dos anos 1950.
E ainda a exposição Deslaçar de um Tormento de Louise Bourgeois (1911-2010) que cobre um arco temporal de sete décadas, dando a ver obras realizadas pela artista entre finais dos anos 1940 e 2010. E, também disponível em Serralves a seleção de obras do acervo do museu da artista português Jorge Molder (1947) . Fotografias a preto e branco em que o artista se autofotografa.


2. Música
Archipelago de Luís Tinoco
Música contemporânea
CD e Streaming
Segunda, 10 de maio


Acho que devíamos ouvir mais a música dos nossos compositores contemporâneos. Proponho que oiçam a música do compositor Luís Tinoco. Ele é um génio de música contemporânea. Claro, há que fazer a ressalva que a música contemporânea não é tão melódica como muitos estão acostumados a ouvir. Ele tem um disco chamado Archipelago que aconselho. E lá tem uma música de que gosto especialmente: Genetic Modified Fados/Fados Geneticamente Modificados, em que ele - nessa e noutras músicas - transforma excertos de fado em peças contemporâneas. Costumo ouvi-lo numa app de streaming de música clássica, e podcasts, que se chama Primephonic e é muito interessante. Para cada época aconselham e enviam sugestões de música. E fico muito feliz quando vemos que a Maria João Pires é citada ou o Luís Tinoco quando surge como um dos mais ouvidos. Ele é realmente muito bom e acho que devia ganhar um prémio de reconhecimento um dia destes.

3. Discurso
A condição da mulher
Discurso disponível no YOUTUBE
Terça, 11 de maio

É um discurso que está disponível no YouTube e que deve ser visto por homens e mulheres. Foi quando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tomou posição sobre o chamado sofagate - a situação em que ao ser recebida pelo presidente turco, Recep Erdogan, juntamente com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, faltou uma cadeira para Ursula sentar-se ao lado dos outros dois dignitários. Neste vídeo, Von der Leyen faz uma declaração admirável onde consegue ser assertiva sem agressividade ao falar da situação da mulher, reconhecendo que é uma mulher que tem voz e se aquilo lhe aconteceu o que não acontecerá a outras mulheres que não têm voz. Diz ainda que uma das formas de ver se há democracia é pela situação de igualdade das mulheres. E, naquela situação das cadeiras, a desigualdade foi gritante. A par disso, e para quem tenha interesse na temática, proponho o livro Mulheres e Poder: Um Manifesto (Bertrand Editora) da historiadora Mary Beard que é uma análise da voz das mulheres ao longo da história e liga muito bem com o discurso e a atitude de Ursula von der Leyen.

4. Livro
Relatório do Interior de Paul Auster
Ed. Asa
Quarta, 12 de maio

Sugiro um livro do autor norte-americano Paul Auster: Relatório do Interior, publicado pela Asa. É uma espécie de autobiografia em que o autor se desdobra. É um narrador que conta à personagem a sua própria história. Temos o escritor, o narrador e a personagem. Paul Auster vai reconstituindo o seu passado a partir dos seus sentimentos e daquilo que se recorda da infância. Ao mesmo tempo tem também o papel de narrador que relembra várias situações. É engraçado porque é uma forma diferente de escrever uma autobiografia. Ele vai ainda buscar algumas cartas que escreveu à mulher no tempo em que viveu, estudou e escreveu em Paris. Um período com muito poucos recursos financeiros e que reconstitui a vida de um escritor num determinado momento.
E depois há outra questão engraçada: ele é judeu, mas como os pais não eram praticantes, descobre que o é pelas circunstâncias de como os outros o olham. E a determinada altura da vida assume as dores dos judeus. Paul Auster é um escritor de quem gosto muito.

5. Concerto
Maestro Lorenzo Viotti
Orquesta Gulbenkian
Grande Auditório do edifício sede
Quinta, 13 de Maio, 20h


Nos dias 13, 14 e 15 há concertos com a orquestra Gulbenkian dirigida pelo maestro Lorenzo Viotti com o clarinetista Andreas Ottensamer. Viotti é um maestro suíço com formação italiana, admirável. É um concerto que começa com a abertura da opera Guilherme Tell, de Rossini, depois segue-se Claude Debussy com Première Rhapsodie, de seguida prelúdios de dança para clarinete e orquestra de Witold Lutosławski e termina com Sinfonia n.º 4 de Schumann. É um programa muito bom. O Lorenzo Viotti já não é o maestro titular da Gulbenkian mas continua com uma excelente relação com a Fundação e continua a tocar algumas vezes. É um maestro muito querido do público.

6. Mar à vista
Passeio à beira-mar
Espinho, Guincho, Comporta
Sexta, 14 de maio

Sugiro um passeio com mar à vista. Entre Espinho e Gaia há um passadiço de madeira que vai ao longo da praia, ao pé das dunas que adoro. Um passeio por ali, com o mar forte e as ondas é fantástico. É muito revigorante e inspirador. Aquela zona é fantástica mas para quem não conseguir lá ir, pode fazê-lo noutro local, no Guincho, na Comporta, ou no Algarve, sempre como mar à vista. Para mim esses passeios têm outro efeito extraordinário: não sinto cansaço quando tenho o mar à vista.

7. Índia
Série Suitable Boy e A Índia em Portugal
Série de 6 episódio na NeTflix
Exposição Museu Nacional Soares dos Reis, Porto.
Sábado, 15 de MAio


Recentemente vi uma série na Netflix que adorei. São só seis episódios e é baseado num livro, que já li, de um autor indiano chamado Vikram Sethe que foi publicado em 1993. A série chama-se Suitable Boy e passa-se na Índia pós-independência do Reino Unido e separação do Paquistão, em meados de 1951.

A história anda à volta de como vários grupos sociais escolhem os parceiros casar. Fala também das várias religiões que existem na Índia e da luta das mulheres indianas pela sua autonomia. Além disso, a série mostra muito bem a diversidade de pessoas, os palácios e as cores da Índia. Gostei muito.
A par disso podem ir ver a exposição A Índia em Portugal, que inaugura neste dia 15 de maio, no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, organizada pelo Círculo Dr. José de Figueiredo. Uma exposição de peças indo-portuguesas que também foi organizado pela nossa embaixada na Índia. Estou certa que é muito interessante.

Sugestões por Isabel Alçada, escritora.

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