Só nesta semana arderam 68 áreas protegidas no Brasil
Na última segunda-feira, os quase 20 milhões de paulistanos assustaram-se por, a meio de uma tarde supostamente de sol, verem afinal o céu escuro, preto, como se estivessem no meio de um filme apocalíptico de ficção científica. Voos no norte de país, entretanto, são desviados das rotas por falta de visibilidade pelo excesso de fumo. Quais os motivos?
O Brasil registou quase 73 mil focos de incêndio em 2019, um aumento de 83% em relação ao mesmo período de 2018, segundo o instituto nacional de pesquisas espaciais, o INPA. E os fogos avançam sobre áreas protegidas. Ainda segundo dados de institutos ligados ao governo, só nesta semana, houve 68 ocorrências em terras indígenas e em unidades de conservação. No Parque Nacional da Ilha Grande, no Paraná, arderam 33 mil hectares, a Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, perdeu 12% da sua área, o Parque do Araguaia, no Tocantins, soma mais de 1000 incêndios este ano.
A pergunta política do momento no Brasil, entretanto, é: o aumento dos incêndios tem a ver com o desmatamento promovido pelo presidente Jair Bolsonaro ou não? Segundo o instituto de pesquisa ambiental da Amazónia, outro órgão governamental, há, sim, relação entre desmatamento e incêndios - os municípios com mais problemas de fogos, em estados como a Rondónia, o Roraima, o Pará e o Amazonas, são também aqueles onde houve mais desmatamento.
"Todo o desmatamento gera uma queimada", diz Arnaldo Carneiro, pesquisador daquele instituto. O académico aponta o dedo a Bolsonaro pelo enfraquecimento da fiscalização ambiental promovido pelo governo, que acusa os diversos institutos públicos de agirem como "ambientalistas xiitas". Ricardo Salles, o controverso ministro do ambiente, chamou de fake news a associação da escuridão vespertina de São Paulo ao desmatamento, baseado em dados de especialistas que atribuem a situação a uma frente fria associada a queimadas no Paraguai. Quantos aos incêndios, culpou apenas o tempo seco.