6 obras de arte para descobrir nas manhãs de domingo

A partir de hoje, todos os domingos e feriados, até às 14.00, há museus e monumentos com entrada gratuita. Aproveite para ver estas obras.
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Os museus e monumentos dependentes da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) voltam a ser gratuitos todos os domingos e feriados, até às 14.00 e apenas para os residentes em território nacional. Não se trata, portanto, de um incentivo ao turismo de massas, mas antes uma forma de estimular "os portugueses a conhecerem melhor os seus museus", como sublinhou o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, no momento em que anunciou esta medida.

Hoje, pelas 10.00, o ministro da Cultura vai assinalar o primeiro domingo gratuito com uma visita ao Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, onde será apresentada a obra Museu Nacional Machado de Castro 100 anos / 100 obras, pelo poeta João Miguel Fernandes Jorge, com prefácio de Castro Mendes.

São 23 os museus e monumentos abrangidos por esta medida. Aproveite a borla e vá ver estas (e outras) obras:

1. Cena de Guerra, de Cristiano Cruz

Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisboa)

Columbano Bordalo Pinheiro, Paula Rego, Amadeo de Souza Cardozo, Fernando Lemos, Jorge Vieira, Abel Manta, Alexandre O'Neill, Filipa César, Almada Negreiros, Sarah Afonso, António Pedro, Gérard Castello-Lopes, são muitos e muito variados os artistas portugueses representados na coleção do Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea. A diretora, Aida Rochedo, pede-nos para pararmos o nosso olhar num quadro de Cristiano Cruz (1892-1951): Cena de Guerra.

Escolheu-o "pela intensidade dramática nela representada: o preciso momento em que um soldado, uniformizado, em cenário de guerra, é atingido e cai derrubado por uma explosão." A obra foi pintada por Cristiano Cruz entre 1917 e 1918, período em que o pintor integrou o Corpo Expedicionário Português que combatia em França durante a I Grande Guerra. Como diz Ainda Rochedo: "A cena, marcada pela explosão representada na tela por linhas vermelhas e amarelas e o corpo do soldado que cai desamparado, deixa-nos infinitamente suspensos naquela ínfima mas esmagadora fração de tempo que separa a vida da morte."

Cena de Guerra integra neste momento o primeiro núcleo da exposição "Vanguardas e NeoVanguardas", que pode ser visitada até 29 de outubro. Nos outros dias, a entrada no museu custa 4,5 euros. Mas para ir ao café e às atividades na esplanada (as "Noites de Verão" vão voltar ao museu em agosto) não é preciso pagar. Mais informações em www.museuartecontemporanea.gov.pt

2. Porta de Timor-Leste

Museu Nacional de Etnologia (Lisboa)

Nos próximos dias o público tem ainda oportunidade de visitar no Museu Nacional de Etnologia a exposição Arquitetura Timorense: Miniaturas do Mundo, que encerrará a 10 de julho. O diretor do museu, Paulo Ferreira da Costa aproveita para sublinhar que nesta exposição "tem destaque precisamente esta porta, com gonzos, feita de uma única peça de madeira, e que constitui uma dos raros exemplares desta tipologia de elementos arquitetónicos timorenses existentes em coleções nacionais. Sendo profusamente decorada com padrões incisos, preenchidos com cal, a porta ostenta a figuração de seios femininos, símbolo de fertilidade, assim como, na secção superior, a representação de um diadema." Proveniente do Suco de Fatumaca, região de Baucau, "este belíssimo exemplar de arquitetura vernacular de Timor-Leste foi recolhido por Ruy Cinatti na década de 1960", explica o diretor.

O Museu de Etnologia é essencial para todos os que se interessam por antropologia e pela história - do nosso país, mas não só. O edifício, situado no Restelo, foi inaugurado em 1976. Nos outros dias, o bilhete custa 3 euros. Mais informações em www.mnetnologia.wordpress.com

3. Túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro

Mosteiro de Alcobaça

A história de amor de Pedro e Inês é daquelas de fazer chorar as pedras da calçada. O príncipe D. Pedro, filho D. Afonso IV, casou com D. Constança, de Castela, em 1340, uma união arranjada pelos pais, como era habitual. Mas apaixonou-se pela sua aia, Inês de Castro, e com ela manteve uma relação clandestina, apesar do casamento e apesar de D. Inês ser enclausurada no Convento de Santa Clara. Mesmo depois da morte de D. Constança, o rei e a corte opuseram-se ao romance. D. Afonso V mandou matar Inês de Castro. D. Pedro revoltou-se contra o pai e prometeu vingança, que cumpriu assim que chegou ao trono. Foi ele que mandou construir os túmulos no mosteiro. Quando em 1361 os sarcófagos estavam prontos, D. Pedro I mandou colocá-los na parte sul do transepto da igreja de Alcobaça e trasladar os restos mortais de D. Inês de Coimbra para ali No seu testamento, D. Pedro I determinou ser enterrado no outro sarcófago de forma a que, quando o casal ressuscitasse, no dia do Juízo Final, se olhassem nos olhos.

Os dois túmulos, feitos em calcário e estilo gótico, são um dos principais pontos de interesse do Mosteiro de Alcobaça que, para além disso, foi a primeira obra plenamente gótica erguida em Portugal (a construção iniciou-se em 1178). Está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO e como Monumento Nacional desde 1910. Com exceção dos domingos, a entrada no Mosteiro de Alcobaça custa 6 euros. Mais informações em www.mosteiroalcobaca.gov.pt

4. Mala-Posta

Museu Nacional dos Coches (Lisboa)

Hoje em dia, uma viagem entre Lisboa e o Porto pode demorar menos de três horas se formos de carro, pela auto-estrada, e pode até demorar menos de uma hora se formos de avião. Mas no século XIX esta era uma viagem muito mais demorada que podia ser feita numa carruagem chamada Mala-Posta. "Este tipo de transporte público coletivo tinha compartimentos para passageiros e correio, transportando no tejadilho as bagagens. As primeiras viagens faziam-se entre Lisboa e Coimbra com a duração de 40 horas", recorda Silvana Bessone, a diretora do Museu Nacional dos Coches.

"A Mala-Posta partia às segundas, quartas e sextas-feiras da Porta do Correio Geral na Calçada do Combro em Lisboa, ao mesmo tempo que saía uma de Coimbra para Lisboa. Mais tarde, a carreira entre Lisboa e o Porto já só demorava 34 horas à velocidade média de 8,8 Km/h com paragens em 23 Estações de Muda para descanso dos viajantes e mudança das parelhas de cavalos." Esta, que Silvana Bessone destaca, é a Mala-Posta nº 7, uma encomenda feita em 1855 pelo rei D. Luís aos construtores Jones Frères, em Bruxelas. A Mala-Posta pode não ser tão vistosa como outros coches que estão aqui no Museu mas tem um boa história para contar e só deixou de ser utilizada com a chegada do caminho-de-ferro em 1864.

Há muito mais para ver neste museu - estão expostas 70 viaturas, na sua maioria provenientes da Casa Real Portuguesa e outras que vieram da Igreja e de coleções particulares, sendo a mais antiga do século XVI. E há também uma série de outras peças ligadas às viaturas, cortejos e arte da cavalaria. O museu está instalado em Belém, num edifício concebido pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, inaugurado em 201 e, desde maio, conta com o novo projeto museográfico de autoria do arquiteto Nuno Sampaio. E no final da visita é possível ainda comer um gelado Santini.

Nos outros dias, os bilhetes para o Museu custa 8 euros (10 euros se for também para o Picadeiro Real). Todas as informações no site: www.museudoscoches.gov.pt

5. Esperando o Sucesso, Henrique Pousão

Museu Nacional Soares dos Reis (Porto)

"O Pintor (Henrique Pousão) saiu por instantes de cena, abandonando a paleta e os pincéis sobre a caixa das tintas pousada no chão. O jovem modelo (Rafaelo) sentou-se no lugar do artista e com um pequeno carvão esboçou um retrato, que exibe, interpelando-nos num misto de pudor e descaramento traquina." É assim que Maria João Vasconcelos, diretora do Museu Soares dos Reis, resume a história deste quadro, Esperando o Sucesso. Óleo sobre tela, a obra foi realizada em Roma em 1882, e enviada à Academia de Belas Artes do Porto, no âmbito dos relatórios a que Henrique Pousão (1859-1884) estava obrigado enquanto aluno pensionista do Estado. Nela, explica a diretora, "Pousão supera porém com ousadia o mero registo académico, introduzindo-nos no interior do seu atelier, confrontando-nos com o momento de descanso em vez do momento da pose, de um modelo "ciocciaro" andrajoso em vez da habitual imagem romântica do pitoresco pastor da região do Lazio, ironizando com a auto-caricatura que associa à assinatura da obra e até com a sua própria expetativa de sucesso, projetada na criança que lhe ocupou momentaneamente o lugar".

Esta é uma das obras em destaque na sala que o Museu Nacional de Soares dos Reis dedica a Henrique Pousão. O museu, que exibe sobretudo pintura e escultura portuguesas do século XIX e primeira metade do século XX, é o mais antigo museu de arte do país, tendo sido fundado com a designação de Museu Portuense, em 1833. Nos dias normais, a entrada no museu custa 5 euros. Mais informações em www.museusoaresdosreis.gov.pt

6. Grande Panorama de Lisboa

Museu Nacional do Azulejo (Lisboa)

Como era Lisboa antes do grande sismo de 1755? Podemos ficar com uma ideia aproximada da cidade de ruas estreitas e casarios espalhados pelas colinas se observarmos com atenção o enorme painel de azulejos que é um dos ex-libris do Museu Nacional do Azulejo. Maria Antónia Pinto de Matos, diretora do museu, não tem dúvidas de que Grande Panorama de Lisboa "constitui um documento único para a História de Lisboa, apresentando-nos a cidade vista a partir do rio Tejo, antes do terramoto de 1755. Com cerca de 23 metros de comprimento, neste painel, pintado em azul sobre branco, estão representados 14 quilómetros de costa, desde Algés até Xabregas, retratando palácios, igrejas, conventos e o casario, a par de cenas de vivência quotidiana, como a representação dos mercados e a construção naval."

Executada por volta de 1700, esta obra integrava uma sala do palácio dos Condes de Tentúgal, na Rua de Santiago, em Lisboa. Agora, o painel está no Museu do Azulejo, instalando no antigo Convento da Madre de Deus, juntamente com uma fantástica coleção de azulejaria nacional que permite ficar a conhecer a história desta arte, os diferentes estilos, as marcas dos grandes mestres e das principais fábricas. Nos outros dias, o bilhete custa 5 euros. Mais informações em www.museudoazulejo.gov.pt

Lista dos Museus e Monumentos da DGPC com entrada gratuita aos domingos e feriados, até às 14.00:

Em Lisboa:

Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea

No resto do país:

Outros museus com entradas gratuitas:

Museu Calouste Gulbenkian (Lisboa) - todos os domingos a partir das 14:00

Museu da Marioneta (Lisboa) - todos os domingos até às 13.00

MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Lisboa) - 1º domingo de cada mês

Museu de Serralves (Porto) - 1º domingo de cada mês das 10.00 às 13.00

Museu Berardo (Lisboa) - todos os sábados

Museu do Oriente (Lisboa) - sextas-feiras, das 18.00 às 22.00

Museu da Marinha (Lisboa) - 1º domingo de cada mês

Museu de Lisboa - todos os domingos até às 13.00

Castelo de Guimarães - 1º domingo de cada mês

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