34 equipas lutam na televisão pela "Escola do Futuro"
De joelhos no chão, dobrada sobre a cartolina amarela, Carina vai pintando as letras do grito que dentro de minutos dará força à equipa da sua escola, nos estúdios da RTP, em Lisboa. Atrás de si, João ensaia no bombo os últimos cânticos que - dizem eles - ajudarão a levar para Granja do Ulmeiro, no distrito de Coimbra, a "Escola do Futuro". Depois de dois meses a percorrer o País, testando a destreza dos alunos na pesquisa na Internet, o Sapo Challenge entra na recta final 34 equipas disputam, num concurso televisivo, a primeira de cinco eliminatórias. Agora frente às câmaras, "os nervos são maiores", mas o espírito de equipa esmorece.
Na enorme tenda branca montada junto ao estúdio 1, na Alameda das Linhas de Torres, o concurso adivinha-se "renhido". Pais, professores e alunos não têm dúvidas são eles que vão ganhar. Júlia Portugal é a docente responsável pelo grupo de 67 pessoas que trocou Granja do Ulmeiro, Soure, para apoiar os cinco jovens do Instituto Pedro Hispano nesta Aventura do Conhecimento, organizada pela Portugal Telecom (PT). "Somos incríveis somos de uma aldeola e conseguimos ganhar a todas aquelas escolas betas do distrito", brinca, fazendo rir a claque dos Opá Népia - em alusão ao que os participantes disseram na primeira vez que jogaram... e perderam.
Já no estúdio, jovens de preto repetem as últimas instruções, respondendo às dúvidas dos 170 alunos apurados nas eliminatórias das 18 capitais de distrito e arquipélagos, através do tour ou via online. O objectivo do jogo - "competição de net em formato de gincana" - é fazer cinco buscas na Internet, no menor tempo possível.
A ideia não é tanto apresentar a resposta a uma pergunta, mas antes o caminho escolhido para chegar até ela. E truques não faltam os sinais de "+", "-" ou as aspas são algumas das dicas que os Tíbia dizem ter aprendido durante o concurso, de modo a tornar mais fácil a pesquisa no ciberespaço. Esta equipa da Escola Secundária da Sé é uma das sete que o distrito da Guarda apurou, reforçando a presença das instituições do interior. Alunos do 8.º ano, confessam-se "viciados" na web. E mais não dizem o jogo vai começar.
Montada no Segway - o veículo eléctrico que revolucionou a mobilidade pessoal -, Luísa é a primeira a partir, rumo ao conhecimento. Da bancada, um djembé marca o ritmo dos gritos de apoio à equipa da Escola Secundária de Ponte de Sor, Portalegre. As rivalidades parecem ter ficado lá fora. No estúdio, seja qual for a equipa em prova, canta-se a uma só voz "E quem não bate palmas não é sapo!"
Terminada a etapa, a equipa de Luísa, de azul, não esconde a satisfação com os seus quatro minutos e seis segundos de prova. "As perguntas eram fáceis", explicam, ainda nervosos, nos bastidores. Apesar de contentes por participarem, não hesitam em lamentar a falta de apoio da própria escola "Não veio nenhum professor. Tivemos que vir com os nossos pais..." Um caso que parece ser excepção.
"Acreditamos estar a ajudar a desenvolver uma geração", afirma Pedro Mota Carmo, director executivo do projecto da PT. "Há um grande interesse pela net", explica, mas "muitos jovens desmotivam-se", porque "não sabem usar os motores de pesquisa" e ficam confusos com tanta informação. O objectivo é "combater a info-exclusão".