30 mulheres e uma escola agraciadas por Sampaio

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O trabalho invisível das mulheres e as práticas discriminatórias nos domínios do trabalho e do acesso ao emprego fizeram a agenda de ontem do Presidente da República, Jorge Sampaio. De manhã, o Presidente foi a Setúbal conhecer o projecto da Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social, que visa melhorar a vida de mulheres com problemas económicos e sociais. Pela tarde, condecorou 30 individualidades femininas e uma escola, no Palácio da Nacional da Ajuda, em Lisboa.

Para Jorge Sampaio, "existem práticas discriminatórias nos domínios do trabalho e do acesso ao emprego e persistem algumas práticas que penalizam a maternidade e as famílias monoparentais".

No discurso de abertura da sessão comemorativa do Dia Internacional da Mulher, o Presidente da República prestou homenagem ao papel desempenhado pelas mulheres na sociedade portuguesa. E deixou um desafio "É importante que as mulheres assumam os seus pontos de vista e opiniões no espaço público, ainda predominantemente masculino, trazendo para o debate democrático questões sociais centrais que têm sido objecto de inaceitável recalcamento."

Jorge Sampaio fez questão de sublinhar que tem conhecido, com a mulher, Maria José Ritta, "projectos e intervenções de grande qualidade em que parece nem ocorrer às responsáveis a necessidade da sua divulgação". Um deles, o das 230 voluntárias da Liga Portuguesa Contra o Cancro - que dão apoio aos doentes do Instituto Português de Oncologia de Lisboa - de quem ouviu, ao início da tarde, alguns testemunhos. Outro, o da Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social (SEIES), cujas instalações tinha visitado de manhã.

O Presidente da República ficou "impressionado" com a história de Dália. É que Dália Mota tem um sonho trabalhar com crianças. A vida não lhe permitiu tirar o curso de educadora infantil. Fez formação como auxiliar. Decidiu juntar-se a uma amiga, dona de uma vivenda.

As duas amigas querem ser amas, tratar de não mais que oito meninos em horário alargado. Isto porque consideram que a casa tem mais condições que "os cubículos" que muitas vezes as amas da segurança social dispensam da sua habitação para as crianças. Mas esbarram na legislação, faltam uns quantos metros. Mesmo que Dália garanta que não quer fazer uma creche.

Depois de ouvir a hisória de Dália Mota, Jorge Sampaio deixou escapar um "sabe, não está no regulamento", criticando assim a falta de flexibilidade dos serviços. Este caso foi, aliás, o mote para o Presidente defender uma maior coordenação entre a Administração Pública, sob pena de se estar a gastar mais dinheiro. E perante um Estado "descoordenado e "ineficaz", não tem dúvidas "Quem se trama é o cidadão."

As condecoradas. Ana Benavente, Elizete Bayan, Isabel Hub Faria, Isabel Mota, Luísa Mesquita, Ana Pires, Margarida Cardoso, Maria Manuel Mota, Maria Nobre Franco, Naide Gomes, Teresa Alegre Portugal, Isabel Corte-Real, Adelina de Sá Carvalho, Milice Ribeiro dos Santos, Maria do Céu Correia, Conceição Bénard Guedes, Ana Kolinski, Cremilde Zuzarte, Godelieve Maria Meersschaert, Judite Sousa, Maria Miquelina Saraiva Lobo, Orlanda Sampaio, Maria Augusta Amado, Conceição Pinheiro, Júlia Caldas, Marina Beck Pinheiro, Matilde Cardoso, Maria Odete Valente, Escola EB1 Fernão de Magalhães, Conceição Leal, Rosalina Machado.

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