3 perguntas Sérgio Figueiredo
Este ano que está a chegar ao fim foi um ano complexo, difícil, exigente. Quais são os factos bons ou excelentes que merecem destaque no ano de 2013?
Primeiro, o sector exportador, que nos primeiros anos se imaginava que estava a crescer por estreitamento de margens, no limite até com prejuízos para ganhar novos mercados, mas o que se verifica ao fim de cinco anos é um crescimento sustentável, o que mostra a capacidade de ajustamento das empresas. Será o melhor ano de sempre do sector exportador português, com diversificação de mercados, que é uma mudança estrutural muito relevante, e merece sem dúvida nota máxima, porque é mérito dos exportadores. O segundo destaque vai para o turismo, que nos anos 80 já era uma promessa, o futuro da economia. Estamos a viver esse futuro. O sector consolida a sua posição entre os 20 melhores do mundo, ganhou capacidade competitiva - não é só resultado da situação no Magrebe. Portugal está na moda pelas mudanças estruturais e inovação das cidades e dos operadores turísticos. É a nação empreendedora. Há um crescimento sustentado de novas empresas e redução das insolvências, o País está a despertar da falência do Estado e do fim da dopagem.
E que acontecimentos merecem relevo por não terem conseguido chegar a ser realmente bons ou maus aspetos, ou seja, que iniciativas ou movimentos de 2013 consideram que se revelaram medianos?
No médio, três pontos: retoma económica, fiscalidade e sector dos transportes. Há o fim da recessão técnica e isso é bom. Só não coloquei no bloco do positivo porque há nuvens no horizonte. A Europa vacila, o processo de ajustamento interno não está concluído (pode ter efeitos recessivos) e a banca vai travar a expansão. Na fiscalidade, são positivas as novas medidas introduzidas no início do ano, de registo de transações no pequeno comércio, sobretudo na restauração, com efeitos no combate à evasão fiscal. Ponto de interrogação para o supercrédito fiscal - desconhecem-se resultados. Na reforma do IRC sou como São Tomé: ver para crer. A descida da taxa nominal não é provavelmente o mais importante; há coisas que só em 2014 se verá se saem do papel. Por fim, os transportes: a transformação estrutural não está feita, mas há melhores resultados das empresas, ou seja, pela primeira vez a tutela tem uma abordagem empresarial na reafetação da oferta.
Por último, qual foi o pior do ano que agora chega ao fim? Quais são os pontos que destacam como maus ou péssimos e que marcaram 2013?
O ano fica marcado pela crise política do verão, uma crise do regime, do sistema democrático, e a ela ficam associadas outras coisas. A palavra do ano: irrevogável. A queda do ano: Vítor Gastar. O apagão do ano: a falta de alternativas à oposição. Mas o grande flop do ano é a reforma do Estado. E há uma terceira questão: a austeridade como plano único de governação; ao contrário de outros planos de ajustamento que tivemos, esta história não tem fim, andamos sem prazo e sem norte. A palermice do ano: os swaps, um excesso que não deu em nada. E o Tribunal Constitucional, que virou o epicentro da nossa vida, pelas piores razões, não pelas melhores.