26 anos de CPLP – que futuro?
Atualmente, a língua portuguesa é a língua oficial (ou de trabalho) em mais de 30 organizações internacionais, o quinto idioma mais utilizado na net, o quinto idioma mais falado no mundo (mas, o primeiro no hemisfério sul); se hoje somos cerca de 263 milhões a falar a língua de Camões, de acordo com estimativas da ONU, no fim deste século, seremos 500 milhões, devido sobretudo à evolução demográfica expectável em Angola e Moçambique. Estamos perante um ativo de relevância extrema: relevância afetiva, relevância económica e relevância político-diplomática.
No contexto de desordem internacional presente, é imperativo que a CPLP reforce o seu papel no mundo: em torno da língua portuguesa e do que ela representa em termos de valores e princípios que unem os povos irmãos de Portugal, Brasil, PALOPs, Timor Leste e Macau, pode (e deve) aquela organização internacional contribuir para uma globalização mais justa e humanizada.
Num momento em que ainda enfrentamos uma pandemia e em que a guerra na Ucrânia comportará, além da crise energética, uma crise alimentar e (subsequentemente) outras crises sanitárias (com especial ênfase no continente africano), cabe a Portugal, cada vez mais, construir a ponte (fundamental) entre o ideário europeu e o compromisso dos Estados Membros da CPLP: em nome de um mundo menos desigual, com menos corrupção, que devolva a esperança na igualdade de oportunidades e na possibilidade de todos ascenderem, pelo mérito, a uma vida melhor.
Exemplos como os da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (Observador Consultivo da CPLP), com incentivo a programas de mobilidade académica entre instituições de ensino superior no espaço lusófono e publicações em português, ou da Universidade de Coimbra, uma das 5 Universidades classificadas como Património Mundial da UNESCO, mas a única (também) pelo lado imaterial de valorização do ensino em português ao longo de 732 anos de História, devem ser enaltecidos e inspirar os membros da CPLP a unirem-se cada vez mais, para assim acreditarmos num mundo de paz e prosperidade para todos.
Presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa e Vice-Reitor da Universidade de Coimbra