24 horas em direto e em português

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Quando a SIC Notícias foi lançada, em janeiro de 2001, tratou-se do primeiro canal de notícias 24 horas em língua portuguesa. Nasceu antes dos brasileiros da Band, da Globo ou da Record e, claro, antes da RTPN da TVI24. Como valor absoluto isso é pouco relevante, alguém teria de ser o primeiro, e o que se fez em Portugal, na altura, foi seguir uma tendência planetária que começava a ganhar forma em particular nos mercados de língua inglesa. Sim, lembro-me bem, houve uma discussão sobre se existiria ou não volume de notícias e assuntos para um canal 24 horas com a clássica brigada de Velhos do Restelo antecipando uma tragédia que o tempo não confirmaria. Pelo contrário. Treze anos depois, o mundo continua em transformação e esta semana ficou a saber-se que Moçambique terá em breve o seu canal de informação em contínuo. Tal como acontecera em Portugal (e em África o facto vale mais) trata-se de uma iniciativa de uma empresa privada - a Soico - que já detém dois dos principais e influentes meios do país, a televisão em sinal aberto STV e o jornal O País. O canal estará disponível numa plataforma de satélite e vai cobrir todos os países da África Austral e uma parte da Europa, incluindo Portugal. A STV Notícias terá um modelo clássico, ou seja, durante a semana, os espaços serão cobertos, sobretudo, pelos noticiários e debates e, aos fins de semana, irão para o ar programas temáticos que "ilustram as potencialidades do país" - um aspecto muito enfatizado pelo empresário Daniel David, o líder da Soico, um grupo empresarial moçambicano que tem uma ligação, para já informal, com a Impresa. Em Portugal o grande impulsionador desta ligação tem sido Pedro Norton, o sucessor de Francisco Balsemão na gestão executiva da Impresa. Criar uma televisão de notícias em África é, com certeza, um desafio. Fazê-lo em Moçambique, neste momento em que o país atravessa uma fase conturbada, do ponto de vista político e militar, é um desafio ainda maior. No entanto, nunca como hoje, o jornalismo foi tão importante para a consolidação da democracia no país.

Mercado em Miami

Este fim de semana começou em Miami o NATPE, um dos maiores mercados de televisão à escala global. O NATPE reúne distribuidores, vendedores e compradores de todo o mundo, mas é mais vocacionado para o mercado latino-americano e Portugal acaba por fazer parte desta família por razões que têm que ver com a língua e também com o tipo de produto televisivo. Por exemplo, é no NATPE que são apresentadas, por norma, as grandes novidades da ficção (leia-se novelas) e isso interessa muito aos canais portugueses.

Mimetismo nacional

A televisão em Portugal é muito mimética. E não há pudor. A TVI24 teve uma excelente ideia que, ainda por cima, rendeu um excelente resultado - a exibição do verdadeiramente célebre Portugal-Coreia do Norte do Mundial de 1966. Na sexta-feira a RTP Informação lembrou-se (sabe-se lá porquê) de nos mostrar o Portugal-Brasil do mesmo Mundial. Ontem foi a CMTV com o jogo do Benfica, Campeão da Europa. Tudo em nome de Eusébio, claro. Dá para criar um programa semanal. Eusébio fez dezenas e dezenas de jogos extraordinários.

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