22 anos depois o Palmeiras está a um passo do título e sem ajuda de mecenas

Se perguntarem a um adepto do Palmeiras qual a equipa que mais sente saudades, a resposta é fácil: a de 1994, quando o verdão conquistou o bicampeonato com jogadores como Edmundo, Zinho, Roberto Carlos, Rivaldo, Evair e Edilson sob o comando de Vanderlei Luxemburgo. A escolha é simples porque o plantel era de sonho e porque há 22 anos que o verdão não festeja o título de campeão nacional. A longa espera, contudo, pode acabar já este domingo.

O Palmeiras é líder isolado do Brasileirão, com mais seis pontos do que o Santos. Para festejar o nono título do seu historial basta-lhe um empate com o Chapecoense, ou então esperar que o Santos não vença fora o Flamengo.

Na equipa desta temporada destaca-se o jovem Gabriel Jesus. Com apenas 19 anos está já vendido ao Manchester City e é a grande estrela, numa equipa com uma média de idades de 29 anos e onde se destaca também o ex-União de Leiria Fernando Prass, guarda-redes de 38 anos. O grupo está longe da qualidade daquele de 1994, como refere ao DN Edilson, ex-jogador do Benfica que festejou esse bicampeonato.

"Era uma grande equipa, com jogadores fantásticos. Tive a felicidade de fazer parte desse grupo, e há quem diga que terá sido uma das melhores equipas de sempre. Agora é diferente, não há tantas estrelas, mas a equipa funciona muito bem. Há quem diga que nunca jogaram bonito, que Santos e Flamengo foram melhores, mas são eles que estão justamente lá em cima", ressalvou ao DN.

Os milhões da Parmalat

Quando conquistou o bicampeonato em 1993 e 1994, o Palmeiras também já passava por um jejum que durava desde 1973. O clube passou por sérias dificuldades financeiras até que em 1992 a multinacional italiana Parmalat entrou no clube paulista com o intuito de devolver a glória ao verdão. E com sucesso!

Um ano depois dos primeiros milhões chegarem de terras transalpinas (curiosamente o Palmeiras foi fundado por imigrantes italianos, então denominado Palestra Itália) começaram a ser contratados reforços sonantes, como Edmundo, Roberto Carlos, António Carlos e Edilson. E consequentemente o primeiro título. Todos temiam o Palmeiras, que chegou mesmo a negociar com Maradona, embora o argentino tenha rejeitado jogar no Brasil.

"Ninguém conseguia tão bons jogadores como o Palmeiras. Dinheiro não era um problema e mesmo que outro clube tivesse interessado a Parmalat conseguia pagar mais. Todos temiam o Palmeiras, tanto no Brasil como sobretudo na Copa Libertadores", referiu Edilson, que curiosamente reforçou o Benfica em 1994 através da Parmalat, que também patrocinava os encarnados.

Promessas "destruíram" projeto

O namoro entre o Palmeiras e a Parmalat, contudo, acabou por não ser um mar de rosas. E se no início conseguiam contratar grandes reforços, estes quiseram sair pouco tempo depois. "O Palmeiras vencia tudo e havia a promessa da Parmalat colocar os melhores na Europa, como aconteceu comigo. Os jogadores começaram a cobrar essas promessas e acabaram por sair. A equipa ficou mais fraca e naturalmente os títulos acabaram por não aparecer, ganharam uma Libertadores [1999] pouco antes de a Parmalat sair do clube [em 2000]", salientou Edilson.

Duas descidas de divisão

Os anos dourados do Palmeiras chegaram ao fim após a saída da Parmalat. Faltava dinheiro e bons jogadores e a primeira grande deceção aconteceu em 2002, quando o clube paulista desceu pela primeira vez de divisão. Conseguiram regressar ao Brasileirão no ano seguinte, mas sem grande brilho. Em 2009 ainda estiveram nos lugares cimeiros, mas acabaram por perder a corrida ao título perto do fim do campeonato. Pensou-se que poderiam estar de volta à ribalta, mas a verdade é que em 2012 o Palmeiras voltou a descer de divisão.

"Muitos não sabem mas o Palmeiras é o clube com mais títulos nacionais no Brasil e foi um choque quando desceram de divisão. Felizmente conseguiram dar a volta e tenho a certeza de que já no domingo vão conquistar novamente o campeonato", prevê Edilson.