2005 foi 'ano de morte' para 150 jornalistas em serviço

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Cento e cinquenta jornalistas, entre repórteres e técnicos, morreram em 2005 no exercício das suas funções, vítimas de guerra, assassínios, catástrofes naturais ou acidentes, revelou o relatório anual publicado ontem pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

Contas feitas a um cenário de tragédia, o número de centena e meia de mortos - mais 31 que no ano anterior - faz de 2005 "o pior ano de sempre" para o jornalismo, levantando vozes de protesto contra aquilo que a FIJ considera ser uma cultura actual e generalizada de "negligência e indiferença".

"Em mais de 90 por cento dos casos, são poucas as investigações sérias levadas a cabo pelas autoridades e apenas um punhado de homicidas chega, alguma vez, a ser julgado", denunciou o secretário-geral da federação.

Aidan White justifica esta realidade com "uma combinação de corrupção policial, incompetência judicial e indiferença política" responsável pela actual cultura "de negligência e indiferença, que faz com que cada dia seja propício a ataques" aos profissionais da classe.

Uma situação que tem tudo para se agravar, garante o responsável, a menos que os líderes políticos tomem medidas sérias para punir os criminosos, como é da mais elementar justiça. "A impunidade na morte de jornalistas continua a ser um intolerável escândalo da nossa época, que não pode permanecer ignorado pela comunidade internacional", sustenta Aidan White, adiantando que a FIJ lançou já um apelo à Organização das Nações Unidas com o objectivo de mobilizar os vários governos mundiais relativamente ao destino dos repórteres.

Segundo os dados ontem divulgados, 89 dos 150 jornalistas foram mortos "no exercício das suas funções", a maior parte deles vítimas de homicídios perpetrados por forças paramilitares, extremistas políticos ou criminosos. Os restantes 61 perderam a vida quando realizavam as reportagens que tinham em mãos, 48 dos quais na queda de um avião militar em Teerão e os outros três num sismo que abalou o sul da Ásia a 8 de Outubro.

Iraque no topo

O Iraque mantém o título de país mais perigoso para os profissionais da comunicação, com registo de 35 mortos, seguido de perto pelas Filipinas, com dez, e pelo conhecido "triângulo da morte" - formado pela Colômbia, o México e o Haiti - onde nove repórteres caíram sob o fogo cruzado dos barões da droga.

"A lista é um catálogo cruel de sacrifício e ilustra, com doloroso detalhe, o modo como jornalistas e técnicos continuam a sofrer pela liberdade de expressão", constata o secretário-geral da FIJ, sempre activo nas campanhas a favor da mudança de atitude face aos media.

Segurança é agora a palavra de ordem para 2006.

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