152 câmaras

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Os resultados não podiam ser mais claros: o PS ganhou as eleições autárquicas. Conquistou mais votos, mais câmaras e mais juntas de freguesia do que os adversários.

Reduziu a vantagem obtida há quatro anos, é certo, mas esse resultado tinha sido tão bom que dificilmente poderia repetir-se.

Ainda assim, a diferença para a oposição mantém-se grande. O PS não tem simplesmente mais câmaras: dos 15 municípios com mais população, o PS tem nove, enquanto o PSD tem apenas três.

Em termos nacionais, registe-se, o resultado foi até mais elevado do que nas últimas legislativas. Se já então o PS tinha ganho claramente as eleições, o que não será de dizer agora?

Por contraponto, a votação do PSD há quatro anos tinha sido tão baixa que não seria difícil fazer melhor. Foi o que aconteceu.

A noite eleitoral reservou-nos apenas uma verdadeira surpresa. Em Lisboa, apesar de o PS aí também ter crescido relativamente às legislativas, PSD, CDS e restantes partidos conseguiram um ligeiríssimo crescimento que lhes permitiu ganhar a câmara.

No balanço, se António Costa é o inequívoco vencedor do ato eleitoral, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos também conseguiram reclamar vitória. Não porque tenham ganho as eleições, mas por terem derrotado os seus verdadeiros adversários, ou seja, aqueles que dentro dos seus partidos os tentam apear da liderança.

As declarações de Rui Rio na noite eleitoral são, em si mesmas, a confissão da sua fragilidade. Mais do que falar para o país, luta contra os opositores internos. Sem ideias ou propostas, é apenas um homem zangado. Sorte sua que, a altas horas da madrugada, poucos tenham assistido.

Quanto ao PCP, apesar de ter reduzido a votação e as câmaras conquistadas, consolida-se como terceiro partido do panorama autárquico, mantendo importantes municípios a sul do Tejo.

Já o Bloco de Esquerda, pese embora os seus já 22 anos de história, dispõe ainda de uma fraca implantação autárquica. Está, por isso, mais sujeito às lógicas nacionais e poderá ter sido prejudicado por se ter aliado à direita no voto contra o Orçamento do Estado. Espera-se agora uma reflexão, necessária para que seja possível voltar a contribuir para uma governação à esquerda.

Note-se ainda que a extrema-direita ficou longe dos seus objetivos. Mantém-se um partido unipessoal, com uma legião devota de seguidores, mas sem a menor capacidade para apresentar propostas ou candidatos credíveis. Que ainda assim consiga obter resultados relevantes em alguns municípios é sintoma de problemas que os partidos democráticos têm de saber encarar. Mas, ao contrário da extrema-direita, devem fazê-lo com soluções justas e inclusivas.

Nesse sentido, seria bom que o PSD se mantivesse fiel ao seu legado democrático e não lançasse achas para a fogueira dos extremismos. Primeiro criou André Ventura, depois legitimou o seu partido com o acordo nos Açores, e agora, em troco de um punhado de votos, escolheu uma sósia política de Ventura para a Amadora.

Rui Rio precisava de sobreviver a estas eleições. Seria bom que não o tivesse feito à custa dos valores.

17 VALORES
Olaf
Scholz
A participação na coligação de governo com a CDU parecia ter enfraquecido o SPD e há poucos meses as sondagens indicavam que o partido poderia ficar em terceiro. Mas, ao fim de 16 anos de governo de Angela Merkel, o candidato a chanceler pelo SPD ganhou as eleições e poderá liderar o próximo governo.

Eurodeputado

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