Mais de 15 mil edifícios do Estado vão ser avaliados. A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, quer que seja feito um levantamento nacional em toda a administração central sobre as barreiras que ainda existem à acessibilidade. Até agora, segundo Ana Sofia Antunes, muito se tem falado do assunto, mas nunca se foi para o terreno para se identificar onde estão e como podem ser eliminadas, explicou ao DN..O objetivo é ter este levantamento concluído dentro de um ano, para depois "se poder definir prioridades e fazer uma hierarquização para se avançar com as intervenções necessárias", justificou..Para Ana Sofia Antunes, não importa que dentro de um ano já não esteja no lugar que agora ocupa. "O importante é que este trabalho seja feito. Aliás, tem de ser feito, porque ainda ninguém o fez. Muito se fala de eliminar barreiras, mas coragem para ir para o terreno e perceber a dimensão do problema até ao nível do Estado nunca ninguém teve. Se calhar não vamos gostar dos resultados, não os vamos poder publicar numa primeira página do jornal, mas temos de o fazer", argumenta, convicta..Até agora, o trabalho que o seu gabinete esteve a fazer, através do Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), foi o de criar uma base de documentação e uma check-list, que seja relativamente simples de aplicar e de orientar as pessoas que vão trabalhar neste projeto, sustenta..A secretária de Estado da Inclusão sabe que é um dos seus maiores desafios, até a nível do Estado, pois vai envolver todos os ministérios, organismos, estabelecimentos, mas "é preciso saber quais são os resultados e não ter medo das suas consequências", reforça..Cada ministério tem um património e "cada um deve ser responsável pela acessibilidade a esse património", defende. Sabe que em alguns a tarefa será de "grande monta", sobretudo na Educação, que tem de fazer o levantamento em todas as escolas do país, na Saúde, que envolve todas as unidades hospitalares, centros de saúde, etc, e na Justiça também. "Sei que há áreas que vão ter um trabalho colossal, mas temos de ter noção do que estamos a falar, de quantas intervenções têm de ser feitas e de quanto é que tudo isto vai custar.".Só depois, diz, é possível hierarquizar prioridades para atuar, porque não podemos dar a mesma importância a uma norma que determina uma rampa para contornar quatro ou cinco degraus, do que damos à existência de cabides numa casa de banho. Não se pode dar a mesma importância ao facto de um elevador ter de ter botões em braille, que é uma obrigação de acordo com a lei, do que ter um em que não tens botões e vai anunciando piso a piso. São coisas diferentes. "Só depois deste levantamento é que será possível hierarquizar para fazermos corresponder valores regra e valores base a cada intervenção.".Só depois deste levantamento, "é que cada ministério, ano a ano, poderá assumir o compromisso de executar as intervenções necessárias", explica..Sabe que o desafio é "muito grande. Acho que não sabemos sequer no que nos estamos a meter, mas é algo que tem de ser feito". Se for, diz Ana Sofia Antunes, fico de consciência tranquila..Ao longo desta semana, o DN publicará reportagens integradas no trabalho "Deficiência: Um Mundo sem Limites"