12 pessoas de quem vamos ouvir falar em 2016
A ESCOLHA DE LUÍSA VALLE
Diretora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano, é engenheira química e pós-graduada em Estudos Europeus, tendo, desde os anos 1990, exercido inúmeros cargos de direção e gestão em programas do Ministério do Planeamento e da Administração do Território. Foi assessora do Secretário de Estado da Indústria e Energia e Chefe de Gabinete do Secretário de Estado do Orçamento, entre 1998 e 2000, ano em que assumiu o cargo de Diretora-Adjunta dos Serviços Centrais e do Serviço de Saúde e Desenvolvimento Humano na Fundação Calouste Gulbenkian. Tem 65 anos. Escolheu António Miguel, coordenador do Laboratório de Investimento Social, um projeto que, acredita, vai dar que falar.
Solidariedade
António Miguel
Ainda hoje muitos dos seus amigos de Gestão não entendem o que faz e António Miguel vê essa incompreensão como um bom barómetro para sentir que está a fazer alguma coisa de certo. Mas não é assim tão difícil perceber o que faz este rapaz de 29 anos, nascido em Sintra, licenciado em Gestão de Empresas no ISCTE, mestrado em Business Administration da Católica FCEE e certificado em Corporate Finance pelo Chartered Institute for Securities and Investment, que Luísa Valle apontou como promessa a cumprir em 2016.
O México e a Noruega, países onde viveu enquanto estudava, marcaram-no. O primeiro, pelo voluntariado, junto de populações nas montanhas onde dava aulas de geografia. O segundo, pelo contacto com o microcrédito. Mas foi um terceiro, Inglaterra, que o fez chegar ao «ponto sem retorno». «Foi quando vivi em Londres que consegui aplicar as ferramentas de gestão e finanças em prol do impacto social.»
A trabalhar num banco de investimento social - a Social Finance UK - esteve envolvido num projeto num estabelecimento prisional, que pretendia reduzir a reincidência criminal de 3000 reclusos em 10 por cento comparado com a média nacional. Vários investidores financiaram um programa de reabilitação durante cinco anos, no valor de 5 milhões de libras. O dinheiro seguiu diretamente para organizações sociais que, nesse período, trabalharam exclusivamente com os seus destinatários. Estabelecido um objetivo específico, era possível calcular o valor da poupança se este fosse atingido. Estava criado o primeiro Título de Impacto Social no mundo. «As organizações sociais ganham, porque não têm risco e acedem a financiamento; o setor público ganha, porque poupa; os investidores sociais ganham, porque podem financiar projetos com potencial de reembolso e retorno», explica António Miguel. A experiência, que «traz à superfície o melhor do sector financeiro, em prol do impacto social», inspirou-o de tal forma que, no regresso a Portugal, em 2013, dedicou-se, com o apoio da Gulbenkian, a criar um homólogo da Social Finance, o Laboratório de Investimento Social, que já lançou, no início de 2015, o primeiro Título de Impacto Social, na área da educação, com a Câmara de Lisboa, a Gulbenkian e a Code for All, com o objetivo de melhorar o desempenho escolar e reduzir a taxa de retenção junto de alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico, através do ensino da programação informática.
De 2016, António Miguel espera que seja o ano da consolidação e do lançamento de novos projetos, em diversas áreas. E promete: «Hoje o impacto social é uma externalidade nas decisões financeiras; em cinco anos, esta dimensão estará internalizada. Nesse dia os meus amigos da universidade vão compreender o que faço.» CATARINA PIRES
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